TRISTEZA E REVOLTA

Servidores da Funai preparam greve nacional e exigem renúncia do presidente da instituição

Indicado pela bancada ruralista, o atual presidente da Funai desmobilizou os fiscais da entidade e deixou o terreno livre para ações ilegais em Terras Indígenas

Servidores da Funai preparam greve nacional e exigem renúncia do presidente da instituição.
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Os Servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) preparam uma greve nacional em protesto contra os atos praticados pelo atual presidente da instituição, Marcelo Xavier. 

O ato de paralisação nacional está marcado para acontecer na próxima quinta-feira (23), a partir das 10h e deve ser realizada em todas as unidades da Funai ao redor do Brasil. 

"Nós, servidoras e servidores da Funai, mobilizados nacionalmente e representados por nossas entidades, convocamos a todas/os estarem conosco no Ato Nacional de Greve", diz o comunicado dos servidores da Funai. 

Em outro trecho da carta, eles exigem a renúncia do presidente da instituição. "Manifestaremos nossa profunda tristeza e indignação pelo assassinato bárbaro do nosso colega Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips e exigiremos a devida identificação e responsabilização de todos os culpados. Exigiremos, ainda, a saída imediata do Presidente da Funai, Marcelo Xavier, que vem promovendo uma gestão anti-indígena e anti-indigenista na instituição". 

 


O presidente da bancada ruralista 

 

O delegado da Polícia Federal Marcelo Xavier foi alçado à presidência da Funai em julho de 2019 e, para tanto, contou com o apoio da bancada ruralista. 

Marcelo Xavier assumiu o comando no lugar do general Franklimberg Ribeiro de Freitas, que tinha deixado o cargo em junho, após ser alvo de forte pressão da bancada do agronegócio. 

No comando da instituição, Marcelo Xavier realizou demissão em massa na Funai e trocou 15 coordenações de áreas da autarquia. Bruno Pereira, que era coordenador-geral de Índios Isolados, também foi demitido por Xavier. 

 

Presidente da Funai desmobilizou fiscalização no Vale do Javari

 

O cargo de fiscalização, monitoramento e desenvolvimento da Terra Indígena Vale do Javari está vago há mais de um ano, desde maio de 2021. O gabinete do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Augusto da Silva, se recusou por três vezes nomear um servidor para a função, que é considerada de extremas importância. 

De acordo com informações da Folha de S. Paulo, o pedido para a nomeação foi feito pela coordenação da Funai na região - a unidade do órgão fica em Atalaia do Norte (AM), a cidade mais próxima da terra indígena. 

Sem a presença da fiscalização realizada pela Funai, as práticas de pesca e caça ilegais se proliferaram na região onde o servidor da Funai Bruno Pereira e o jornalista britânico, Dom Phillips, foram assassinados. 

A principal linha de investigação da Polícia Federal sobre a morte de Pereira e Phillips trabalha, justamente, com a hipótese de que os mandantes do assassinato de Pereira e Phillips tenham ligação com a pesca ilegal.