Quatro ex-alunas do Colégio Brigadeiro Newton Braga, instituição subordinada à Força Aérea Brasileira (FAB) situada na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, buscaram na última terça-feira (10) a Comissão de Direitos Humanos da OAB para apresentarem novas denúncias de assédio sexual contra dois professores.
Os novos relatos de abusos surgiram através de um encontro ocorrido na última terça-feira entre um grupo de alunas e ex-estudantes da escola com a Comissão da OAB.
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O g1 divulgou com exclusividade prints de trocas de mensagens, áudios e relatos que, segundo alunas, famílias e advogados, indicam um comportamento abusivo constante dos professores Eduardo Silva Mistura e Álvaro Luiz Pereira Barros, responsáveis pelas aulas de História e Educação Física, respectivamente.
Prints das mensagens
Entre as mensagens trocados estão frases como "Já estive em ti, em pensamento, várias vezes. Você é a beleza e a pureza juntas”, enviada por Mistura a uma aluna.
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A seguir, o professor teria dito: "Gostaria de ter você nos meus braços. Tenho pensado tanto em ti".
A aluna então prossegue: "Ora, mas por quê? Desculpa perguntar. Eu não tenho nada de especial para ser motivo de pensamentos", disse.
O professor então afirmou: "Você é linda. Quero te pegar no colo. Você é toda especial. Deixa eu te ver e te pegar no colo..."
A conversa prossegue, com o professor enviando mais mensagens: "Tenho saudade. Sonho sereno... Um abraço com você no meu colo. Sentia teu coração".
Durante a troca de mensagens, o professor de história diz que eles precisariam tomar um café juntos. Ao perceber a resistência da jovem, Mistura sugere então que ela fuja.
"Eu te busco... Você precisa se deixar amar. Sem enquadramentos!", disse ele.
A jovem responde: "É tão difícil". E ele insiste: "Depende de você. Desfaça as amarras”.
Denúncias devem ir ao MPF
As novas denúncias devem ser incluídas no documento que a comissão está preparando para levar ao Ministério Público Federal (MPF), uma vez que a instituição é ligada a uma das forças militares brasileiras.
Para Patrícia Félix, coordenadora do Grupo de Trabalho da Criança, Adolescente e Juventude da Comissão de Direitos Humanos da OAB, essas novas denúncias devem continuar encorajando que outras meninas procurem as autoridades em casos de assédios.
"É importante que essas meninas encorajem outras crianças e adolescentes que passam por situações parecidas, em outros ambientes. Que elas saibam que terão apoio dos órgãos de proteção e de garantia de direitos", completou a advogada.
O objetivo do grupo de advogados da OAB é que os professores sejam investigados fora do ambiente militar, visto que até o momento o Inquérito Policial Militar que apura as denúncias não foi concluído, mesmo após quase dois anos de trabalho.
A Justiça Militar, no entanto, ordenou que as investigações só teriam sequência depois de uma avaliação interna da escola, através de Processos Administrativos Disciplinares (Pads), de acordo com a direção do Colégio Brigadeiro Newton Braga. Essa investigação interna também não foi concluída até o momento e os dois professores seguem dando aula para menores de idade.
Veja reportagem completa no G1