Brasília vive dias tensos após duas situações de ataque terroristas bolsonaristas ocorridas em dezembro. As ações violentas que criaram um clima de terror na capital federal na noite do dia 12 de dezembro e a tentativa frustrada de explosão de uma bomba caseira junto a um caminhão-tanque repleto de combustível para avião nas imediações do aeroporto Juscelino Kubitschek na véspera de natal tornam árdua a tarefa dos responsáveis pela garantia de segurança durante a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para lidar com o momento delicado, integrantes do novo governo mobilizam esforços junto ao governo distrital e as forças de segurança do DF, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), sobretudo por meio de Flávio Dino (PSB), que assumirá o Ministério da Justiça e Segurança Pública a partir de janeiro. Também há ações no âmbito das Forças Armadas, com intermédio do futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
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Boas novas
Duas novidades concretizadas nesta quarta-feira (28) reforçam a ideia de que as instituições mobilizadas estão assumindo o controle de uma situação que preocupa o país. Foi publicada no Diário Oficial da União a exoneração do comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e nomeação, de forma interina, o general Júlio César de Arruda, indicado por Lula (PT), para o cargo. Isso permite que a equipe do novo governo conte com parte das Forças Armadas no esquema de Segurança que está sendo organizado para o dia 1º de janeiro.
A segunda novidade foi a decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes de suspender as autorizações de porte e transporte de armas de fogo no Distrito Federal entre as 18h desta sexta-feira (28) e o dia 2 janeiro de 2023. A medida, que vale para colecionadores, atiradores e caçadores, atende a um pedido da equipe de segurança de Lula.
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Forças Armadas
Uma vez que foi alterado o comando do Exército, a participação das Forças Armadas na chamada Operação Posse Presidencial já foi confirmada no Diário Oficial da União, por meio da portaria nº 259, do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Os militares do Exército participarão das atividades de escoltas, em apoio às polícias Militar e Civil do Distrito Federal, à Polícia Rodoviária Federal e à Polícia Federal, em caráter episódico e planejado, no período de 27 de dezembro de 2022 a 2 de janeiro de 2023. Os militares mobilizados serão cuidadosamente selecionados (até pelo fato de a tarefa exigir alto nível de preparo).
A segurança pessoal do presidente Lula está sendo feita por uma equipe da Polícia Federal e assim permanecerá após a posse, ao menos até que seja realizada uma reestruturação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), conforme já anunciou o futuro ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Hoje aparelhado, o GSI está sob o comando de um dos mais fiéis e radicais aliados de Jair Bolsonaro (PL), o general da reserva Augusto Heleno, que ainda esta semana repetiu, aos militantes que se aglomeram em frente ao Palácio do Planalto, que "o ladrão não subirá a rampa" (em referência a Lula).
Depois de realizar, em 20 de dezembro, visita com a primeira-dama Janja à residência da Granja do Torno, a equipe do presidente Lula esperava que ele voltasse do feriado de Natal e já ocupasse a a casa de veraneio da Presidência da República, já que o local é isolado e poderia garantir maior segurança física ao presidente e sua equipe, porém, não foi possível por dificuldades colocadas pela atual gestão.
Cuidados extra
Pessoas ligadas ao presidente se queixam de Lula ainda precisar se hospedar em hotel na capital, colocando sua segurança em risco. Vale lembrar que é a primeira vez que um presidente eleito não pode ocupar a casa de veraneio na capital até a posse, já que o ministro da Economia, Paulo Guedes, estava morando no local. Por ser mais isolada, a equipe de Lula avalia que o local poderia garantir uma maior segurança ao futuro novo chefe do Executivo. Mas os cuidados possíveis vêm sendo tomados. Nesta semana, por exemplo, o hotel em que o presidente eleito está hospedado passou por uma varredura do esquadrão antibombas.
Com a previsão de participação de cerca de 300 mil pessoas em atividades que vão da solenidade oficial a shows com mais de 30 artistas convidados para o Festival do Futuro, o trabalho de segurança incluirá revistas e formação de barreiras, motivo pelo qual o uso da Força Nacional é bem-vindo, para garantir contingente e expertise capaz de garantir a rigidez e disciplina do esquema planejado. A ameaça de ações terrorista por parte de radicais bolsonaristas fez com que alguns outros cuidados tenham sido pensados.
Por isso, como precaução, há a previsão de posicionamento de snipers (atiradores de elite) e de agentes disfarçados em meio à multidão. Também serão realizados raios-x e haverá varredura pelo esquadrão antibombas em prédios (como Planalto e Congresso). Além disso, há pelo menos 700 agentes da PF mobilizados para a Operação Posse Presidencial.