OPERAÇÃO SOFISMA

PF mira herdeiro de ministro da Ditadura em investigação sobre corrupção na FGV

Segundo a PF, esquema de corrupção usava estudos e pareceres fraudados para forjar licitações e direcionar "pagamento de propinas, funcionando como um verdadeiro ‘biombo legal’”.

Polícia Federal cumpre mandado de busca e apreensão na Operação Sofisma.Créditos: Divulgação
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A Polícia Federal (PF) desencadeou uma operação para cumprir 29 mandados de busca e apreensão em investigação sobre um suposto esquema de corrupção por meio de fraudes em estudos e pareceres da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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Entre os alvos de buscas estão Ricardo Simonsen, Maria Inês Norbert Simonsen e Rafael Norbert Simonsen. Ricardo é filho de Mário Henrique Simonsen, um dos fundadores da FGV e ministro da Fazenda no governo Ernesto Geisel e do Planejamento na gestão João Batista Figueiredo nos anos 1970, durante a Ditadura Militar. Ele morreu em 1997.

Os mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Na capital fluminense, os agentes da PF estiveram, entre outros locais, na sede da FGV, em Botafogo.

A investigação da chamada Operação Sofisma é um desdobramento da delação premiada de Carlos Miranda, braço direito do ex-governador Sérgio Cabral. Em 2019, Miranda disse a promotores que “a cúpula da FGV usava a fundação para desviar dinheiro público”.

Segundo a PF, a FGV estava sendo usada para “fabricar pareceres que mascaravam o desvio de finalidade de diversos contratos que resultaram em pagamento de propinas, funcionando como um verdadeiro ‘biombo legal’”.

Os pareceres e estudos, segundo a PF, eram usados para “superfaturar contratos realizados por dispensa de licitação e para fraudar processos licitatórios, encobrindo a contratação direta ilícita de firmas indicadas por agentes públicos, de empresas de fachada criadas por seus executivos e fornecendo, mediante pagamento de propina, vantagem a concorrentes em licitações coordenadas por ela”.

O dinheiro ilegal era remetido a "offshores em paraísos fiscais como Suíça, Ilhas Virgens e Bahamas, indicando não só a lavagem de capitais, como evasão de divisas e de ilícitos fiscais”.