O gasto de mais de R$ 3,5 milhões com alimentação do presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus assessores no avião presidencial durante os quatro anos de governo é o mais novo escândalo do governo que definha junto com seu presidente, ainda em silêncio passadas mais de duas semanas das eleições. O dado principal, entretanto, é que a maior parte do valor foi utilizada justamente neste ano eleitoral.
A partir do Portal da Transparência, o deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) apurou que o consumo de petiscos e bebidas no avião presidencial de 1º de janeiro de 2019 até 14 de novembro de 2022, chegou a R$ 3.580.320,06. Deste total, R$ 1.183.459,95 foram gastos neste ano, entre janeiro e novembro.
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A quantia supera a conta dos anos anteriores de governo. Confira o gasto com alimentação no avião presidencial ano a ano:
Refestelamento
"Esses valores absurdos colocam em xeque a imagem que o presidente quer passar, de um homem simples, que come farofa na rua, que gosta de macarrão instantâneo e leite condensado. A grande verdade é que, enquanto 33 milhões de brasileiros passam fome, Bolsonaro está se refestelando com banquetes no avião. É revoltante", afirmou o deputado em sua conta do Twitter.
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A empresa que fornece os produtos foi contratada após licitação ainda durante o governo Michel Temer, em 2017, e teve seu contrato adiado por diversas vezes. Entre os itens adquiridos pela União estão refeições prontas, salgados, sanduíches e petiscos, como castanhas, barras de cereais e frios, além de frutas, bebidas, doces e gelo, conforme informações do Portal UOL.
Cartão corporativo
Vaz já havia denunciado gastos absurdos também no cartão corporativo utilizado pelo presidente Bolsonaro, tendo denunciado há alguns dias um aumento de 108% nos gastos com este instrumento durante o período eleitoral, em relação aos meses de agosto, setembro e outubro do ano anterior. O montante nesses três meses chegou a R$ 9,1 milhões, ou seja, cerca de R$ 3 milhões por mês, em média. De acordo com Vaz, o gasto médio mensal em 2021 era de aproximadamente R$ 1,5 milhões.
O parlamentar de Goiás denuncia a “farra do cartão corporativo” em suas redes e informa que solicitou à Câmara pedido de investigação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), a fim de "detectar se houve abuso no período eleitoral com recursos públicos". Demandou, ainda, que seja analisado o motivo do aumento de despesas e se as faturas fornecidas coincidem com a agenda de campanha.
Caso da ponte
Em agosto deste ano o deputado registrou mais um caso suspeito, resultado de seu trabalho de fiscalização das contas públicas. Em pleno período eleitoral, o parlamentar identificou que o presidente Bolsonaro onerou os cofres públicos em R$ 711.795,63 para inaugurar uma ponte cuja construção custou R$ 255.174,38. O gasto para a inauguração está discriminado em diárias, transporte terrestre e telefonia.
“Gastar três vezes mais na inauguração do que o valor da própria obra inaugurada, se constitui um verdadeiro absurdo e um desperdício do dinheiro público. Também caracteriza, claramente, o rompimento de um princípio básico da gestão pública, que é o princípio da economicidade. Por isso nós estaremos provocando o Tribunal de Contas da União, para que faça uma investigação sobre este fato”, denunciou o deputado em vídeo postado em sua conta do Twitter em que constam as informações apuradas.