DISCURSOS DE ÓDIO

As celebridades que sofreram com fake news e precisaram se retratar em público

Caso da mentira envolvendo Whindersson Nunes e Jéssica Canedo expõe riscos da espetacularização por páginas de fofoca

Marília Gabriela, Claudia Raia e Glória Pires já foram alvos de fake news.Créditos: Reprodução/Redes Sociais e Divulgação
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O que aconteceu com Jéssica Canedo e Whindersson Nunes não é um fato isolado. Outras celebridades já sofreram com os efeitos das fake news, em diferentes épocas, e a maioria foi até obrigada a se retratar publicamente em decorrência da grande repercussão das informações falsas. 

É o caso de fatos que não existem e foram disseminados, como o de Claudia Raia contraindo o vírus da Aids, Gloria Pires aos 14 tentando suicídio após um suposto flagrante com o marido e a filha mais velha, Mário Gomes sendo hospitalizado por uma cenoura no ânus, Silvio Santos abandonando a família por Sula Miranda, Marília Gabriela encobrindo um romance entre seu filho e Gianecchini, e uma história fictícia sobre uma boneca da Xuxa possuída por um demônio que resulta na morte de uma criança.

Absurdas e inimagináveis, essas afirmações foram feitas e causaram um rebuliço na vida dessas celebridades. Claudia Raia precisou fazer um teste de HIV para refutar a alegação de contaminação, enquanto Gloria e Orlando Morais, que têm uma relação parental com Cléo desde a infância, fizeram um apelo na televisão por respeito à privacidade da família. Além disso, a apresentadora Marília Gabriela foi alvo de fake news bolsonarista em vídeo sobre golpe em outubro deste ano e precisou ir para as redes sociais se explicar.

Essas situações de constrangimento e de desmentir os ocorridos também acometeu Jéssica Canedo, que embora não sendo uma celebridade, tornou-se alvo de haters por falsos prints de um suposto romance com o influenciador Whindersson Nunes, divulgado pela página de fofocas Choquei. Em um estado emocional delicado, a jovem desabafou publicamente, apelando pelo fim das mensagens de ódio. Logo depois, atentou contra a própria vida.

Não há contestação: notícias falsas podem resultar em fatalidades, e aqueles que as propagam correm o risco de estar associados a consequências graves e devem ser responsabilizadas. A comoção gerada pela tragédia de Jéssica levou autoridades, como o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida e ministros do STF, a defenderem a necessidade de regulamentação das redes sociais. 

Mesmo existindo outras leis em vigor, como as relativas aos crimes contra a honra, que punem calúnia, difamação, injúria e exceção da verdade, há uma demanda por legislação mais específica e rigorosa para lidar com a criação e disseminação de notícias falsas. Já tendo voltado à tona com o último ataque hacker promovido contra a primeira-ministra Janja nas redes sociais, a PL 2630, das Fake News, segue parada na Câmara dos Deputados.

O caso Choquei evidencia o que há por trás de páginas de fofoca com negócios digitais lucrativos que se disfarçam de jornalismo sem realmente sê-lo e que há uma estratégia cujo componente central é a propagação de ódio para ganhar cliques e priorizar o engajamento.