Um funcionário da limpeza urbana de 66 anos, de Neuilly-sur-Marne, uma localidade nos subúrbios de Paris, na França, chega para trabalhar no início da manhã e antes de sair da sede da empresa responsável pelo serviço passa mal. Ele cai no chão e perde a consciência. Era um ataque cardíaco.
Colegas chamam o serviço médico de urgência, que chega minutos depois. Os paramédicos iniciam uma massagem cardíaca, que dura 50 minutos e não dá qualquer resultado. Por mais de uma hora o gari estava cientificamente morto. A morte é atestada e então os agentes públicos responsáveis por recolher o corpo notam que subitamente ele volta a ter pulsação e outros sinais vitais, como respiração.
O caso ocorreu em 29 de março, mas só foi revelado pelas autoridades francesas nesta quinta-feira (7). Ainda que o “milagre” pareça uma boa notícia, o trabalhador morreu definitivamente horas depois.
Episódios como esse são raríssimos, mas há vastos registros na literatura médica, e tem nome: Síndrome de Lázaro, uma referência ao personagem bíblico que ressuscitou após quatro dias morto, por intervenção de Jesus Cristo.
Antigamente chamada de “renascença do cadáver”, o fenômeno é tecnicamente chamado pelos médicos de Retorno da Circulação Espontânea (RCE). Não há uma resposta definitiva da ciência que explique esse tipo de evento, mas uma das teses mais defendidas é a de que, após uma exaustiva manobra de ressuscitação (massagem cardíaca, respiração boca-a-boca, choques), ao deixar o corpo “relaxado”, a pressão intratoráxica diminui e isso pode resultar no retorno eficiente do funcionamento do coração, que ao reiniciar a circulação permite uma “retomada da vida”. O fato é que não existem registros de pessoas que passam pela experiência e consigam seguir vivas. Todas morrem minutos ou horas depois.
Outros casos recentes
Em agosto de 2020, uma menina de 12 anos que vivia na cidade de Probolinggo, na Indonésia, e que sofria de diabetes grave, precisou ser internada. Ela morreu no hospital em decorrência da doença e passou por uma manobra de ressuscitação duradoura, que não a trouxe de volta à vida. Horas depois, quando seu corpo estava sendo lavado, o que é muito comum nos funerais islâmicos, abriu os olhos e aparentemente retomou a consciência, ainda que confusa.
Ela foi levada imediatamente de volta à UTI e conectada ao suprimento de oxigênio, mas a esperança da família foi em vão, já que a garotinha faleceria definitivamente horas depois.
“Quando o corpo dela estava sendo banhado, a temperatura corporal subiu e seus olhos fechados reabriram de repente. Nós descobrimos então que seu coração estava batendo de novo e seu corpo começou a se mexer”, relatou o pai à imprensa local.
Situação parecida aconteceu com a aposentada russa Zinaida Kononova, moradora da cidade de Gorshechensky, na região de Kursk, no Oeste da Rússia, também em 2020. Ela passou por uma cirurgia intestinal e acabou morrendo. Foram tentadas inúmeras técnicas de ressuscitação, mas nada trouxe a idosa de volta à vida. Sete horas depois, já no necrotério do hospital, uma funcionária entrou no local e viu a mulher saltar da funda maca metálica de cadáveres para tentar buscar socorro. Ela chegou a ser envolta em cobertores, por causa do frio, e levada para a UTI, mas da mesma forma que nos outros casos, foi declarada morta novamente horas depois.