ELEIÇÕES 2024

Datafolha, Quaest e Atlas Intel: o que explica a diferença entre as pesquisas em SP?

Entenda quais fatores podem justificar os resultados diferentes entre os institutos na cidade de São Paulo

Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil
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Na quarta (11) e quinta-feira (12) foram divulgadas três pesquisas de intenções de voto de alguns dos mais importantes institutos do país a respeito da disputa pela prefeitura de São Paulo. E não só os resultados foram distintos como as tendências também foram divergentes. Afinal, o que poderia justificar os resultados tão diferentes?

Primeiro, há o período da coleta de dados dos levantamentos. A Atlas Intel realizou entrevistas entre os dias 5 e 10 de setembro, já a Quaest realizou sua pesquisa com abordagens pessoais entre 8 e 10 de setembro, enquanto o Datafolha foi às ruas entre 10 e 12 de setembro. Foram captados momentos distintos das campanhas, o que poderia justificar as diferenças dos dados entre as sondagens.

Mas e quanto às tendências? No Atlas Intel e Quaest, por exemplo, Pablo Marçal (PRTB) sobe oito pontos em cada levantamento, enquanto no Datafolha ele oscilou negativamente três pontos.

A periodicidade de realização das pesquisas, no entanto, é diferente, o que impede que as tendências de subida ou de descida sejam comparadas. O penúltimo levantamento Atlas Intel foi realizado em 21 de agosto e o da Quaest, em 28 de agosto. Já o Datafolha, antes da pesquisa divulgada nesta quinta, tinha feito outra em 5 de setembro, sendo a mais recente das três. Assim, cada uma analisou as tendências também em momentos distintos.

Metodologia das pesquisas

Além de terem sido realizadas em períodos divergentes, com os últimos levantamentos de cada um sendo realizados em semanas diferentes, há ainda a questão da metodologia.

A Atlas Intel utiliza o chamado Recrutamento Digital Aleatório (Atlas RDR). A seleção dos entrevistados acontece durante a navegação do usuário pela internet, com geolocalização por meio de qualquer dispositivo que ele utilize. Depois da coleta aleatória, é realizado um processo de ajuste amostral para que o resultado final se assemelhe à composição da população no município.

O CEO do instituto, Andrei Roman, defendeu este método nesta matéria do portal Uol., afirmando que isto impede "o impacto psicológico do contato do entrevistador com o entrevistado".

Tanto a Quaest quanto o Datafolha adotam a abordagem por meio de entrevistas pessoais. A diretora do Datafolha, Luciana Chong, defende o método presencial. "O acesso é quase universal, mas o letramento digital ainda não atinge todos os segmentos", afirma ela, também ao Uol, sobre o método de coleta na internet.

Quem chegou mais perto do resultado em 2020

Nas últimas eleições para prefeito de São Paulo, o primeiro turno teve o então prefeito e candidato à reeleição Bruno Covas (PSDB), terminando o primeiro turno com 32,9%. Guilherme Boulos (PSOL) teve 20,2%, com Marcio França (PSB) alcançando 13,6% e Celso Russomanno (Republicanos) chegando a 10,5%. Estes percentuais se referem a votos válidos e os institutos de pesquisa só tradicionalmente só divulgam dados neste formato, que exclui brancos, nulos e indecisos, na última semana antes da realização das eleições.

Em seu último levantamento antes da realização do primeiro turno em 2020, o Datafolha trazia Bruno Covas com 37% dos válidos;
Guilherme Boulos tinha 17%; Márcio França, 14%, e Celso Russomanno,13%.

Já a sondagem do instituto Atlas em São Paulo tinha Covas chegando a 30,6% dos válidos; Boulos, com 17,9%; Russomanno, 16,3%, e França, 13,2%. A Quaest não realizava pesquisas em São Paulo em 2020.