Depois de chegar a seu valor mínimo e não crescer durante três anos, a Dogecoin, uma criptomoeda criada nos Estados Unidos, disparou após a eleição de Donald Trump para a presidência do país. O acumulado no ano alcança 324%, superando mesmo a alta do mercado de bitcoins em geral, que chega a 107% em 2024.
Durante sua campanha, o republicano cortejou e se aliou ao mercado de bitcoins. Em julho, por exemplo, em seu discurso na Bitcoin Conference 2024, realizada em Nashville, fez grandes promessas ao setor. "Esta tarde, estou expondo meu plano para garantir que os Estados Unidos sejam a capital cripto do planeta e a superpotência Bitcoin do mundo. E faremos isso", disse, na ocasião.
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O amor foi recíproco. Além do candidato à presidência, os principais super PACs (Comitês de Ação Política) da área investiram US$ 131 milhões para apoiar Trump e candidatos pró-criptomoedas que disputavam o parlamento. Um monitoramento executado por um grupo chamado Stand with Crypto apontou que 274 candidatos pró-criptomoedas foram eleitos para a Câmara e 20 para o Senado.
A ideia dos investidores é levar o setor para o mainstream do sistema financeiro estadunidense, já que o governo Biden teria dificultado essa ascensão por conta de ações de fiscalização realizadas pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (Securities and Exchange Commission).
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Mas onde entra a Dogecoin e Elon Musk nessa onda de crescimento das criptomoedas?
Memes no Twitter e Saturday Night Live
Criada em 2013, a Dogecoin surgiu como uma memecoin, um tipo de criptomoeda que, segundo o Investopedia, leva o "nome de personagens, indivíduos, animais, obras de arte ou qualquer outra coisa, numa tentativa de ser bem-humorada, descontraída e atrair uma base de usuários prometendo uma comunidade divertida".
A moeda traz a imagem de um cão Shiba Inu, referente a um meme, popular principalmente naquele 2013, quando uma foto do cão era associada a textos multicoloridos usando a fonte Comic Sans com gírias e pronomes em inglês.
Em 2021, Elon Musk passou a compartilhar postagens relacionadas à Dogecoin nas redes sociais, em especial o X, e o endosso chegou no auge quando o bilionário participou do tradicional programa humorístico Saturday Night Live, em 8 de maio daquele ano.
No entanto, a onda não durou e logo a moeda despencou. Musk chegou a anunciar que a Tesla aceitaria o token como pagamento por certos itens de mercadoria, o que não impediu que seguisse em baixa.
Em 2022, uma ação coletiva de pequenos investidores chegou à Justiça dos EUA contra Musk, alegando manipulação de mercado e negociação com informações privilegiadas por parte do dono das Tesla. O caso foi arquivado em agosto de 2024, com o juiz afirmando que os investidores "não poderiam provar fraude de valores mobiliários confiando nos tuítes de Musk".
Com Trump e Musk no governo, o retorno da Dogecoin
Além de Donald Trump ter prometido um mundo de sonhos para as criptomoedas, a nomeação de Elon Musk para a agência que ainda será criada para promover cortes no aparelho estatal fez com que o meme da Dogecoin voltasse a circular.
Como o nome em inglês é Department of Government Efficiency (formando a sigla DOGE), Musk voltou a usar a alusão à criptmoeda em uma postagem no X.
"Agora, em vez de sentar na mesa de notícias do Weekend Update contando piadas, ele está sentado no escritório de Trump aconselhando o presidente eleito. Em outras palavras, a ressonância memética do Dogecoin ascendeu da cultura pop para a política, ajudando-o a capturar uma fatia maior da mente do público", pontua o doutorando em Comunicação da University of Southern California, Maximiliano Brichta, em artigo no The Conversation.
"Com Musk se unindo a Trump e um ambiente regulatório em mudança, o cachorro pode correr livre novamente", ironiza Brichta.