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[caption id="attachment_2707" align="alignleft" width="300" caption="O jornalismo virou fumaça"][/caption]
Quando era editor de Economia daquele que já foi o mais influente telejornal do Brasil, Marco Aurelio Mello foi obrigado, em alguns momentos, a transformar-se em ficcionista. Exemplo: o jornalismo ficcional a ele imposto proibia reportagens que trouxessem boas notícias sobre a economia brasileira. Sabe como é, estávamos em 2006, Lula era candidato à reeleição, as notícias boas podiam favorecer o presidente...
Aurélio hoje trabalha em outra emissora, e criou um blog ("Doladodelá") onde escreve ficção - histórias curtas, irônicas. Muitas vezes, parece a realidade pura e simples. Uma espécie de "A vida como ela é".
Um desses textos ficcionais conta a história de jovens usuárias de droga, num dos bairros mais valorizados do Rio de Janeiro, que passam a incomodar os vizinhos do apartamento de cima, por causa de tanta fumaça. A partir de então, trava-se uma luta visceral entre as duas famílias.
Espionagem, manipulação, desespero.
Os maconheiros e as maconheiras de boa família (moças bonitas, defensoras da livre iniciativa e que detestam Dilma e Chavez - ou seja, típicas maconheiras de direita da zona sul carioca) merecem toda a compreensão; é verdade.
Mas também merecem atenção as famílias incomodadas pelo fumacê infernal! É o que mostra a ficção de Aurelio. Num outro capítulo da novela cibernética, o criativo blogueiro chega a imaginar uma entrevista com a dona do apartamento de cima, desesperada com a situação, mas disposta a lutar até o fim.
Por último, a bem-humorada conversa entre os ocupantes do andar de baixo. Gente poderosa, acostumada a mandos e desmandos, agora desnorteada com essa briga que ameaça dilacerar a família.
Ah, esse Aurélio. De onde vem tanta criatividade?
Ele mesmo confessa: "fumei, mas não traguei".
Será que isso também é ficção?