Vinícius Jr não venceu o Bola de Ouro. O escolhido foi Rodri, da seleção espanhola e do Manchester City. É como se Didi vencesse em vez de Garrincha.
Pode haver argumentos para defender Rodri. O principal é que a Espanha venceu a Eurocopa e que o Brasil - e Vinícius - foram mal na Copa América.
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Mas o jornalista espanhol L.Miguelsanz deixou o futebol de lado e fundamentou sua defesa de Rodri em argumentos que beiram o racismo.
Ele diz que argumentos futebolísticos devem ser avaliados, mas que valores também. E que a honradez e a postura inatacável de Rodri em campo contam. E que Vini tem muito que aprender.
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"Seus protestos e provocações contínuos, seus atos reprováveis em campo e a sensação de que não aprende, seguramente lhe tiraram votos".
A frase é significativa de como o opressor espera que o oprimido se comporte. De como o branco não aceita o preto .
Colocar protestos e provocações na mesma frase é misturar alho com bugalho, é chamar Jesus de Genésio. Eu mesmo não gosto muito de provocação, tenho uma certa condescendência com o zé ruela que reage com brutalidade a um passe com a cara virada.
Vinícius provoca e desestabiliza. É uma mala, mas desde quando o granado verde de futebol virou o tapete vermelho do Oscar, quando a elegância de Valentinos e Pradas prevalecem?
O que ele defende é o drible acompanhado de pedido de desculpas, o drible minimalista, o drible necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais.
Não é só o drible. O protesto também incomoda o branco escriba. Protestar contra o racismo é um ato reprovável dentro do campo de futebol.
O que ele quer é um preto driblador - pero no mucho - e de cabeça baixa contra insultos raciais. Um preto bem comportado. Um preto de alma branca.
Com certeza, para ele, um preto não tão preto e condenado por estupro, incomoda menos.