Não é Fernando Diniz. O nome do treinador é o de menos, o que interessa é ver como a seleção brasileira está sendo tratada por Ednaldo Nunes, presidente da CBF neste triste momento de sua história.
Basta uma comparação com a celeridade com que agiram os rivais Argentina e Uruguai, que comandam as atuais Eliminatórias. Quanto à Argentina, nenhum mérito. Foi mantido o treinador campeão do mundo, o que todos fariam. O Brasil tentou manter Felipão para o ciclo de 2006, mas ele preferiu dirigir Portugal. O mérito foi anterior, ao apostar no trabalho de um desconhecido, que soube dar a volta durante a Copa, após estreia com zebra homérica, derrota para Arábia Saudita.
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Se o mérito dos argentinos foi a manutenção, o uruguaio foi cortar na carne. Como deve ter sido dolorido demitir Maestro Tabarez nas Eliminatórias passadas quando, até por limitações físicas, não conseguia tirar mais nada de um Uruguai que reviveu com Diego Alonso. Na Copa, foi mal, caiu na primeira fase e, novamente houve demissão.
Em maio, foi anunciado Marcelo Bielsa, treinador cultuado em vários países, mas que não possui grandes títulos. Marcelo Bielsa está diferente. Continua louco, El Loco Bielsa, mas não rasga mais dinheiro. Não parece ser como antes um seguidor alucinado de algumas ideias. Venceu a Argentina com uma defesa bem plantada, um meio campo povoado, muita marcação e velocidade. Fez um grande jogo.
O apelido de Loco, Bielsa ganhou por ser um obsessivo por trabalho. Passava madrugadas vendo vídeos do adversário da vez. Deve continuar fazendo isso, com auxiliares, principalmente porque tem tempo para fazer. É funcionário em tempo exclusivo.
E Fernando Diniz?
É um interino que trabalha em meio período. Não é exclusivo da seleção, divide suas obrigações com o Fluminense, que levou brilhantemente ao título da Libertadores. Talvez por não ter tempo para análises profundas, busca implantar soluções de um em outro. Soluções que foram maturadas por um bom tempo no Fluminense e que estão sofrendo rejeição ao serem transplantadas para outro corpo.
Diniz precisa fazer o básico. O básico no momento, é impedir o time de levar gols de cabeça. Foram três nos dois últimos jogos. Na primeira, grandalhão de 1m87, agachou para marcar. Na Colômbia, o baixinho Luis Dias, de 1m78, subiu como foguete diante de Emerson Royal, trêmulo como gelatina.
Além de interino, Fernando Diniz tem hora marcada para sair. Seu contrato é até o final da Copa América de 2024, em 14 de julho. Depois, virá Carlos Anceotti. Virá mesmo? Se vier, vai classificar o Brasil para a Copa, o que aconteceria também com Fernando Diniz ou com Dado Cavalcanti, Não acredito muito em ciclos, a Copa são sete jogos e o último campeão se encontrou durante a competição, enquanto o Brasil com seis anos de Tite se liquefez nas quartas.
Então, Nunes estava certo ao fazer um tudo ou nada à espera de Ancelotti, inclusive sujeitando o futebol brasileiro a Ramon Menezes, que perdeu para Marrocos com o time principal e depois com o sub-20?
Não, não estava. O Brasil corria o risco de passar os vexames que está passando agora, com um treinador interino, com pouco tempo para trabalhar e que tenta colocar suas ideias sem muito tempo de treinamento. Um interino que não se contenta em fazer o básico. O Brasil tem um nome, precisa respeitar esse nome. Precisa vencer sempre. Não pode ficar esperando Godot nem Ancelotti.