RACISMO

Júlio Cocielo: quem é e quais as polêmicas do youtuber acusado de racismo

Relembre caso que levou MPF a pedir condenação de influencer, cuja esposa também já foi acusada de racismo

O youtuber Júlio Cocielo.Créditos: Reprodução/Instagram
Escrito en BLOGS el

Nesta quarta-feira (3), o Ministério Público Federal (MPF) pediu a condenação do youtuber Júlio Cocielo pelo crime de racismo. O processo teve início em 2022 e diz respeito a uma série de tweets do influencer de 2011 a 2018 com mensagens racistas.

Foi em 2011, também, que Cocielo iniciou sua trajetória na internet como youtuber, que o levou a ser considerado um dos maiores youtubers do Brasil e um dos primeiros a fazer sucesso e dinheiro com a internet.

Atualmente, Cocielo acumula mais de 30 milhões de inscritos no Youtube, divididos em seus três canais e mais de 23 milhões de seguidores no Instagram. Em 2018, ele se casou com a influencer Tata Estaniecki, que também já foi acusada de racismo. Relembre a trajetória e as polêmicas de Júlio Cocielo.

Quem é Júlio Cocielo

Filho de mãe mineira e abandonado pelo pai na infância, o influenciador digital Júlio Cocielo, hoje com 30 anos, nasceu em Osasco (SP). Ele começou a publicar vídeos no YouTube em 2011, aos 18 anos, em seu primeiro canal, intitulado “Canal Canalha”.

Os vídeos, com conteúdos de humor e cotidiano, logo começaram a fazer sucesso. Em 2015, o canal chegou a 1 milhão de inscritos. No mesmo ano, Cocielo participou do programa “Pânico na Band”, comandando o quadro “Bate ou Regaça”, um jogo de perguntas e respostas em que quem errasse levava um soco.

Atualmente, o “Canal Canalha” tem 20,8 milhões de inscritos. Em 2020, era o décimo canal do YouTube brasileiro com mais inscritos.

Em 2017, Cocielo começou a namorar a influencer Tata Estaniecki, apresentadora do podcast “Pod Delas”. No mesmo ano, eles criaram o canal “Tacielo”, para mostrar a rotina do casal, que hoje conta com quase 3,5 milhões de inscritos. Os dois casaram já em 2018 e hoje tem dois filhos, Beatriz, de 3 anos, e Caio, de 6 meses.

Cocielo tem ainda um terceiro canal de jogos, criado em 2014, que conta com mais de 7 milhões de inscritos. No ano passado, ele participou como dublador do filme “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”, na voz do personagem Toke Horgath.

Acusações de racismo

Em fevereiro de 2018, a esposa de Cocielo, Tata Estaniecki, foi acusada de racismo após usar uma fantasia no badalado Baile da Vogue, que, segundo ela, seria uma “homenagem aos escravos”.

A roupa, usada no Baile que tinha o tema “Divino Maravilhoso”, consistia, além do vestido, em uma máscara que, apontaram internautas, tinha semelhança com as chamadas Máscaras de Flandres, objetos de tortura da época da escravidão, que tampavam a boca dos escravizados e eram fechados com cadeados, para impedir que eles se alimentassem.

A máscara usada por Tata Estaniecki e a Máscara de Flandres. [Reprodução/Redes Sociais]

Após a polêmica, Tata publicou um vídeo, deletado em seguida, em que fala sobre a situação, dizendo que “nunca quis ofender ninguém, peço desculpas se interpretaram por esse lado”.

Disse ainda que a polêmica foi “uma falta de comunicação por conta da correria” e que a real inspiração de sua roupa foram as melindrosas da década de 1920.

Um pouco mais tarde naquele mesmo ano, foi a vez do marido, Júlio Cocielo, ser acusado de racismo, após, durante a Copa do Mundo de 2018, afirmar em um post no X (antigo Twitter) que o jogador francês Mbappé, um homem negro, “conseguiria fazer uns arrastão top na praia”. Esse foi um dos posts identificados pelo MPF como racistas.

Após a repercussão do tweet, internautas resgataram outros tweets racistas do youtuber, feitos entre 2011 e 2014.

Em um deles,também citado pelo MPF, de 2013, Cocielo diz: “o Brasil seria mais lindo se não houvesse frescura com piadas racistas. Mas já que é proibido, a única opção é exterminar os negros”.

Em outros, ele associa negros a macacos e o continente africano à fome e diz ainda: “nada contra negros, tirando a melanina”, o que foi identificado pelo MPF como “racismo recreativo".

À época, Cocielo apagou cerca de 50 mil publicações do X e postou um pedido de desculpas. “A gente só precisa prestar atenção nas estatísticas. Por exemplo, muito negro morre sendo confundido com bandido. No meu caso, a minha ignorância foi combatida com conhecimento. Sem querer, espalhei o ódio”, disse.

Em 2020, ele já havia se tornado réu pelos tweets feitos entre 2011 e 2018, mas, em 2021, venceu o processo. Em 2022, o caso chegou ao MPF, quando foi definida a competência da Justiça Federal para julgá-lo.