SV não quebrou sozinha; foi quebrada por quem jurou salvá-la – Por Danilo Tavares
Hoje, São Vicente não tem oposição. Todos os vereadores fazem parte da base do governo
Por trás da cortina de discursos bonitos, pontos de ônibus coloridos e posts bem produzidos nas redes sociais, São Vicente está falida. Mas não é uma falência qualquer — é uma falência previsível, manipulada e agora oficializada no papel. O Decreto nº 6.814, publicado em 20 de maio, escancara o que todo mundo já sentia na pele: a cidade está sem dinheiro até para o básico. E o mais grave? Isso tudo é culpa de quem está no poder desde 2021 e pediu mais quatro anos prometendo que estava tudo sob controle.
Sim, Kayo Amado foi reeleito dizendo que São Vicente estava no rumo certo. Que as contas estavam equilibradas. Que o futuro era promissor. Mas bastaram cinco meses de novo mandato para que o próprio governo assinasse um decreto admitindo o caos fiscal, a ponto de congelar salários, cortar horas extras, suspender concursos e travar serviços básicos. Ou seja: enganaram o povo para ganhar a eleição, e agora jogam a conta no colo da população.
Vamos aos fatos: o prefeito não pode culpar “governos anteriores” porque o rombo que agora tenta conter foi causado por ele mesmo, durante seu primeiro mandato. A prefeitura gastou além da conta, distribuiu cargos como se fossem figurinhas e inchou a máquina pública loteando as 28 secretarias entre os muitos partidos aliados. Foi o famoso “toma lá, dá cá” elevado à potência máxima.
Hoje, São Vicente não tem oposição. Todos os vereadores fazem parte da base do governo. Três deles viraram secretários e o resto assiste calado. A Câmara virou puxadinho da Prefeitura. Quem deveria fiscalizar, virou cúmplice. E quem paga a conta? O servidor que não vai receber pelas férias acumuladas. A estudante que perdeu o estágio. O paciente que espera por um exame. O contribuinte que não vê retorno do que paga.
Para completar o teatro, o decreto foi assinado pela vice-prefeita durante a licença-paternidade de trinta dias do prefeito. Coincidência? Talvez. Conveniência? Com certeza. Ninguém quer ter a assinatura por trás da bomba que estoura. Mas alguém tem que dizer o óbvio: este governo que se vende como técnico, moderno e inovador, na prática é desorganizado, populista e manipulador.
Este decreto é mais do que uma medida fiscal. É uma confissão de incompetência administrativa, uma prova de irresponsabilidade política e um retrato de como se manipula a verdade para vencer eleições.
Kayo Amado teve quatro anos para organizar a casa. Preferiu fazer marketing. E agora, no segundo mandato, mostra que sabe cortar — mas não sabe governar.
Para detalhes do decreto acessar aqui.
*Danilo Tavares (@danilotavaressol) é produtor cultural, funcionário público municipal e secretário de comunicação do PSOL de São Vicente, além de membro do Conselho de Economia Solidária de São Vicente e do Fórum de Economia Solidária da Baixada Santista.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.