O Fórum Onze e Meia desta segunda-feira (14) recebeu o médico infectologista e vereador de Santos, no litoral de São Paulo, Marcos Caseiro (PT), para abordar o tema da cirurgia abdominal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que durou mais de 12 horas e foi realizada neste domingo (13) no Hospital Star DF, em Brasília.
Caseiro explicou que há muito tempo é possível observar que Bolsonaro possui uma hérnia incisional, que ocorre quando há uma fraqueza na cicatriz de uma cirurgia abdominal. No caso do ex-presidente, ele já realizou seis cirurgias desde a facada em 2018. "Então, tem uma fraqueza ali naquela região abdominal da musculatura e já deveria ter sido feita há muito tempo uma cirurgia de correção", disse o médico.
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O infectologista acrescentou que, quando há esses tipos de hérnias incipientes, existe um risco muito maior que as alças do intestino se movimentem. Desse modo, há também um alto risco de torção por causa dessa distensão abdominal, segundo Caseiro. Com o abdômen agudo obstrutivo, as alças intestinais torcem e não passa mais alimento. "Então, o intestino para de funcionar, fica em tábua, é cirúrgico, tem que abrir. Você põe uma sonda e tem que abrir", explicou.
Caseiro também destacou que, no caso de Bolsonaro, por ele já ter feito diversas cirurgias, o intestino começa a sofrer suturas e áreas ficam expostas. "Essas áreas podem aderir uma na outra. É um processo de cicatrização, aquela área é friável onde se costurou, e pode grudar. Isso é o que chama de aderência. Então, todo mundo que abre abdômen assim, com maior ou menor frequência, tem um grau de aderência. Isso é um problema também que, conforme essas aderências ocorrem, podem facilitar as torções também chamadas de vulvo", explicou.
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No caso da nova cirurgia, o que os médicos tentaram fazer foi a desobstrução do intestino. Para Caseiro, não ocorreu nada fora do esperado.
A cirurgia feita por Bolsonaro também chamou atenção por se tratar de uma laparotomia exploratória, que é feita também para examinar mais detalhadamente os órgãos e buscar outras razões para uma comorbidade. No entanto, Caseiro explicou que, por se tratar de um caso de abdômen agudo obstrutivo, é sempre grave e é preciso fazer uma abertura ampla do intestino para melhor investigação.
O médico afirmou que, como Bolsonaro tem um abdômen "extremamente mexido", é normal terem feito essa espécie de cirurgia. "O que se esperava era uma laparoscopia exploratória, não dá para fazer especulação de que seja um processo tumoral. Veja, pode até ter sido pensado, por isso que faz uma incisão ampla, mas isso faz parte do processo, principalmente no quadro dele em que já foi múltiplas vezes mexido na cavidade abdominal", disse Caseiro.
O médico acrescenta que tumores são extremamente graves e que não há uma evolução de tanto tempo e que, se em algum momento Bolsonaro tivesse sido diagnosticado com um tumor, ele teria que ter realizado radioterapia ou quimioterapia.
"É um abdômen muito mexido, quanto mais você mexe, mais você corre o risco de ter complicações. Então, provavelmente, optaram por fazer uma coisa bem delicada, com calma, fazendo homeostasia muito delicada durante todo o processo", afirmou Caseiro. Além disso, foi realizada uma correção da hérnia umbilical. Para o médico, não parece ter sido um quadro mais complicado, principalmente de tumor.
Confira a entrevista completa do médico e vereador Marcos Caseiro ao Fórum Onze e Meia
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