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Suplicy trata Parkinson com Cannabis e a transforma em nova bandeira de luta

Diagnosticado com a doença há meses, deputado agora luta para que os mais pobres tenham acesso ao óleo derivado da planta da maconha

Suplicy mostra o óleo à base de Cannabis.Créditos: Reprodução de Vídeo
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O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP), 82 anos e 44 de vida pública, descobriu em setembro do ano passado que tem a doença de Parkinson. A partir disto, ele resolveu se tratar com derivados da Cannabis Sativa, a planta da maconha.

Segundo entrevista ao jornalista Lucas Veloso, da coluna Viva Bem, do UOL, Suplicy conheceu a Associação Flor da Vida, em Franca (SP). No local, pacientes com doenças crônicas ou síndromes raras, especialmente crianças, são medicados com Cannabis medicinal.

Após conversar com pacientes e familiares, ele ficou impressionado com o trabalho da organização e indicou que escreveria uma carta à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) com seu relato do que viu e de como gostou das ações feitas ali. A agência é responsável por regulamentar e fiscalizar o uso da planta no país.

Pouco depois, o deputado passou a tomar as primeiras gotas de CBD (canabidiol), medicamento feito a partir da Cannabis sativa, inicialmente importado. "O primeiro óleo tinha uma cor diferente, porque era em doses da Cannabis medicinal infantil. Fui tomando pouco a pouco: cinco gotas por dia", lembra.

Após algumas semanas, Suplicy aumentou a dosagem gradativamente e passou a tomar a versão para adultos. Na primeira semana, foram cinco gotas, três vezes ao dia. Depois, seis gotas, sete, oito e, então, passou a tomar nove gotas após cada refeição.

Atualmente, Suplicy toma 27 gotas diárias, de manhã, após o café da manhã, depois do almoço e após jantar, e relata vários pontos positivos, entre eles o sumiço das dores musculares que sentia na perna.

À medida em que a doença avançava, tarefas comuns do cotidiano, como usar o celular, ler e segurar o papel com um pronunciamento foram ficando mais difíceis por conta dos tremores. Os sintomas, no entanto, acabaram com o uso do medicamento.

“Também passei a andar com maior firmeza, e eu faço isso, sempre fui um bom esportista”, afirma ele.

Apoio

Suplicy conta que recebeu apoio da família e também de todas as artes, apesar de a Cannabis ainda ser um tabu na sociedade. "As pessoas perguntam como está a minha saúde, eu conto o progresso que tenho tido", pontua.

Há, no entanto, um longo caminho a percorrer. Atualmente, no Brasil, o tratamento com Cannabis medicinal não faz parte dos métodos tradicionais. Suplicy se submete ao que é chamado no jargão como “off-label”, “fora da bula”, em tradução livre. Na prática, é receitar um remédio já comercializado para uma função diferente da estipulada na bula e autorizada para comercialização.

Uma nova luta

A causa da Cannabis medicinal, bem como o seu acesso às pessoas mais pobres, se transformou em mais uma bandeira do parlamentar nos últimos meses, ele que já era um conhecido defensor dos direitos humanos e da renda básica.

"Procuro colaborar cada vez mais para que a legislação brasileira seja mais adequada para permitir que as pessoas mais pobres, nas áreas periféricas de nossas cidades ou no campo, possam ter acesso ao tratamento", diz.

Com informações da coluna Viva Bem, do UOL