De acordo com um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) publicado na revista Scientific Reports, um novo método, mais assertivo e com potencial de detecção precoce do vírus HPV, pode transformar a rotina de exames ginecológicos de prevenção, especialmente aquele conhecido como papanicolau — que identifica sinais do câncer do colo do útero.
O novo método é o teste de DNA feito com a secreção retirada do colo do útero, capaz de eliminar de vez o risco de falsos negativos ou positivos a que hoje está sujeito o papanicolau.
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Como é feito o papanicolau?
No exame preventivo papanicolau, um instrumento, como uma espátula ou uma escovinha específica, é utilizado para coletar células da superfície do canal cervical.
Depois, o material coletado é depositado em uma lâmina de vidro ou em um frasco com solução líquida, dependendo do método utilizado.
A amostra é, então, enviada para o laboratório, onde as células são analisadas por especialistas em busca de anomalias.
O Papanicolau é recomendado regularmente para mulheres entre 25 e 64 anos (ou conforme orientação médica), especialmente para aquelas que já iniciaram a vida sexual.
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Falsos positivos
O exame de Papanicolau pode apresentar falsos positivos, que ocorrem quando o resultado sugere alterações celulares (lesões ou anormalidades) que, na verdade, não estão presentes, ou não se devem ao vírus do HPV.
Isso pode ocorrer, por exemplo, quando há outras infecções cervicais, causadas por fungos, bactérias ou vírus que causem alterações e lesões semelhantes às do HPV, o que levaria, ao menos momentaneamente, a um diagnóstico incorreto de anormalidade, ainda que a alteração seja benigna ou transitória.
Genotipagem de HPV
Com o método da genotipagem, um teste automatizado de DNA pode identificar se há e qual é o tipo específico do HPV, inclusive daqueles 12 tipos considerados os causadores potenciais do câncer de colo do útero pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca).
O teste de DNA é capaz, além do mais, de identificar precocemente a existência do vírus, antes de haver lesões diretas, o que não é possível a partir do papanicolau e do exame com ácido acético comum — que só identificam a presença de lesões, ou seja, células que já estão afetadas.
Outro benefício é o tempo para a realização de uma nova testagem: enquanto, no método tradicional, é necessário retornar a cada três anos mesmo em caso negativo, com a nova testagem o prazo passa para cinco.
A idade média das mulheres detectadas também muda: passa a ser de 10 anos a menos, o que indica uma identificação mais precoce e assertiva.
Esse método já é amplamente utilizado em outros países, de acordo com a OMS, como é o caso dos Estados Unidos.
O estudo da Unicamp levou em conta mais de 20 mil mulheres entre 25 e 64 anos, e comparou exames de rastreio do HPV feitos de 2017 a 2022, pelo método de genotipagem, com aqueles feitos nos cinco anos anteriores, de 2012 a 2016, com o papanicolau.
Os resultados apontam para os benefícios da genotipagem do HPV, que deve ser incorporada até 2025 no sistema público de saúde, de acordo com a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias).