MUNDO ANIMAL

É possível transplante entre cães e gatos? Aconteceu no Distrito Federal

A doadora foi uma cadela da raça border collie que morreu depois de ser atacada por abelhas

Imagem Ilustrativa.Créditos: Pixabay
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Um procedimento veterinário inusitado foi registrado no Distrito Federal. A cadela chamada Maya, de 8 anos, da raça border collie, não resistiu a um ataque de mais de 100 abelhas e acabou morrendo, em Arniqueira (DF).

Os tutores, mesmo muito tristes com a perda, autorizaram a doação dos órgãos do animal de estimação. Uma das córneas de Maya foi recebida pelo gato persa Willy. O transplante interespécies é um procedimento novo.

O tutor de Maya, Adão Macedo, que é coronel da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), relatou que todos se surpreenderam ao saber da possibilidade de doação do órgão para um gato.

“Para nós, foi uma grata surpresa saber que a Maya contribuiu para tornar melhor a vida de outro animalzinho com a doação da córnea. Esperamos que os tutores de pets sejam estimulados por essa história, para ajudarem os que precisam desse gesto de amor para terem mais qualidade de vida”, afirmou Adão, em entrevista ao Metrópoles.

Ele disse que Maya era como uma “bênção de Deus”. A cadela, segundo o tutor, apresentava instinto protetor e era muito inteligente, características da raça border collie. Assim, a perda do pet se equiparou à morte de um parente, conforme o coronel da reserva.

“Retribuir esse sentimento é o mínimo que podemos fazer para eles enquanto estão aqui, e da maneira que eles entendem: dando atenção, passando tempo junto, cuidando, brincando, passeando, abraçando. Fica essa lição: ame seu pet enquanto há tempo. Devolva a ele todo o bem que te proporciona; com certeza, a alegria vai te contagiar, e você se tornará um ser humano melhor”, aconselhou.

Técnica nova

O transplante de uma das córneas de Maya para o gato foi realizado pela médica veterinária oftalmologista Ana Carolina Rodarte, pioneira em transplantes interespécies no DF.

“Há alguns anos, tenho aprimorado a técnica. O objetivo sempre é de o paciente ter a melhor transparência na visão, só que esse é um grande desafio, porque é muito difícil conseguir doadores”, destacou.

A dificuldade fez com que Ana Carolina aperfeiçoasse o transplante entre espécies diferentes. O gato persa que recebeu a córnea esquerda de Maya sofria de sequestro de córnea. Trata-se do surgimento de uma placa de cor escura, na região central do órgão.

“Não foi meu primeiro transplante de cão para gato, e os resultados em gatos são muito bons”, relatou Ana Carolina.

Após o transplante, o tratamento é considerado longo. Como o procedimento consiste na colocação de uma lente de contato sobre a córnea, as pálpebras ficam parcialmente fechadas com pontos. Por isso, é necessário manter cuidados pós-operatórios com colírios e outras medicações.

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