SAÚDE

Transplante de rim de porco para humano: entenda o procedimento histórico realizado nos EUA

Médico brasileiro comandou equipe que fez primeiro transplante de rim de porco geneticamente modificado da história

Imagens do transplante divulgadas pelo hospitalCréditos: Michelle Rose/Massachusetts General Hospital
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No último sábado (17), um procedimento histórico ocorreu no Hospital Geral de Massachussetts, nos EUA. Um paciente de 62 anos foi o primeiro ser humano a receber  transplante de rim de um porco geneticamente modificado.

O procedimento foi comandado pelo médico brasileiro Leonardo Riella, além de uma equipe com outros profissionais de saúde.

O paciente Richard Slayman sofre de doença renal terminal e recebeu o transplante do órgão modificado geneticamente do animal. Segundo o hospital, ele está bem e receberá alta em breve.

"Vi isso não apenas como uma forma de me ajudar, mas como uma forma de oferecer esperança para os milhares de pessoas que precisam de um transplante para sobreviver", disse Slayman em comunicado divulgado pelo hospital.

Procedimento novo

Este não é o primeiro transplante de rim de porco para humano, mas é o primeiro modificado geneticamente para melhor se adaptar ao corpo humano.

A ideia de alguns cientistas é conseguir criar porcos geneticamente modificados para fornecer rins, fígados, corações e outros órgãos para reduzir a fila de espera por transplantes de órgãos no mundo.

"Nossa esperança é que essa abordagem de transplante ofereça uma linha de vida para milhões de pacientes em todo o mundo que estão sofrendo de insuficiência renal", disse o Dr. Tatsuo Kawai, diretor de tolerância ao transplante clínico do hospital, no comunicado do hospital.

Implicações éticas

Nem tudo são flores, porém. Segundo a NPR, existem diversos médicos que se opõem ao tratamento por riscos epidemiológicos e por questões éticas.

A primeira questão é a possibilidade de disseminação de vírus do porco para o ser humano, como a gripe suína. A outra questão é o uso de crueldade animal para o teste em seres humanos doentes em um procedimento que não é considerado 100% seguro até então.

"Acho que precisamos ser muito, muito cuidadosos", disse L. Syd M. Johnson, uma bioeticista da Universidade Médica do Estado de Nova York, em Syracuse, à NPR. "Tenho muitas preocupações sobre uma terapia que é muito pouco comprovada."