A Fundação Saúde do Estado do Rio de Janeiro realizou pagamentos ao laboratório PCS Lab Saleme em setembro, mesmo após saber da emissão de laudos errados que resultaram na infecção por HIV de pelo menos seis transplantados.
De acordo com documentos obtidos pelo G1, a fundação pagou R$ 857 mil ao laboratório durante todo o mês.
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A Secretaria Estadual de Saúde informou que soube da situação em 10 de setembro, quando um paciente transplantado deu entrada no hospital com sintomas neurológicos e testou positivo para HIV. Ele recebeu o transplante de coração em janeiro e não havia sido diagnosticado com o vírus.
Questionada pela reportagem, a Fundação Saúde afirmou que os pagamentos se referem a despesas realizadas meses antes do ocorrido, antes do laboratório ser interditado.
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Outros documentos mostram pagamentos que somam R$ 299.003,95 com datas entre 1º e 9 de outubro. A Fundação Saúde, porém, afirmava na mesma nota que nenhum pagamento foi feito após o dia 1º de outubro. O caso veio a público no dia 11 de outubro.
Entenda
Órgãos contaminados pelo vírus HIV, que provoca a Aids (Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida), contaminaram pelo menos seis pacientes transplantados no Rio de Janeiro. Os procedimentos foram realizados em pessoas que aguardavam na fila de transplantes gerenciada pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio (SES-RJ). O fato, que se tornou público na última sexta-feira (11), é considerado absurdo, uma vez que procedimentos de testagem rigorosos são feitos em materiais biológicos do tipo e não há registro de ocorrências assim no Brasil.
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Após repercussão, o Ministério Público abriu uma investigação para apurar o laboratório. O Ministério da Saúde também solicitou uma auditoria sobre o caso.
Um dos sócios do laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme) é Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, primo do ex-secretário de Saúde, Doutor Luizinho, deputado federal e líder do PP na Câmara dos Deputados.
A técnica que assinou um dos falsos laudos se entregou à polícia na terça-feira (15) após ficar foragida. A Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera anunciou que não reconhece o diploma de biomédica encaminhado pela auxiliar administrativa Jacqueline Iris Bacellar de Assis, ao laboratório.
O último foragido envolvido no caso que chocou o país foi preso pela Polícia Civil, nesta quarta-feira (16). Trata-se do biólogo Cleber de Oliveira dos Santos, técnico de laboratório contratado pelo PCS Lab Saleme, no Rio de Janeiro, para realizar análise clínica no material que chegava da Central Estadual de Transplantes.
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