CORAÇÃO

João Carreiro: Entenda condição cardíaca e cirurgia que mataram cantor sertanejo

Médico classificou a morte como uma “fatalidade”; até 10% da população possuem o chamado Prolapso da Válvula Mitral

O cantor sertanejo João Carreiro.Créditos: Instagram
Escrito en SAÚDE el

Morreu, na noite desta quarta-feira (3) em Campo Grande (MS), o cantor sertanejo João Carreiro, da dupla com Capataz, após complicações de uma cirurgia para colocar uma válvula no coração. Ele sofria de uma condição cardíaca conhecida como Prolapso da Válvula Mitral (PVM).

O tratamento era uma cirurgia que, segundo seu médico contou ao G1, estatisticamente não apresentava altos riscos. "Foi uma fatalidade, infelizmente o João entrou para a estatística de cerca de 3% de pacientes que morrem em cirurgias cardíacas", disse o cardiologista Jandir Gomes, do Hospital do Coração.

Gomes explicou que, após 12 horas de cirurgia, o coração do cantor teve uma falência, que, segundo ele, não deve ser confundida com uma parada cardíaca, e não conseguiu retomar os batimentos. Entenda abaixo o que é o Prolapso da Válvula Mitral e como funciona a cirurgia para tratá-lo.

O que é Prolapso da Válvula Mitral

O PVM é uma condição cardíaca caracterizada pelo retorno do sangue ao coração, quando ele deveria ser impulsionado para o resto do corpo. Isso porque a válvula mitral é responsável por separar o átrio esquerdo do ventrículo esquerdo do coração, duas das quatro cavidades do órgão.

É o ventrículo que bombeia o sangue para o resto do corpo, após ele ser recebido pelo átrio, mas, quando há um prolapso da válvula, ela fica flexível e não se fecha adequadamente, permitindo que uma quantidade de sangue retorne ao átrio e não seja bombeada para o resto do organismo. A condição é muita vezes conhecida popularmente como uma espécie de “sopro” no coração.

A quantidade de sangue retida no coração depende da gravidade do prolapso. Isso porque, em alguns casos, essa condição pode ser até mesmo assintomática. Em outros, como o do sertanejo João Carreiro, requer cirurgia para consertar o problema.

O PVM geralmente tem origem genética. Às vezes, a pessoa tem um prolapso na válvula mitral desde criança, mas ele só vai se manifestar em sintomas para o corpo após uma certa idade.

Os sintomas que podem se manifestar devido o PVM incluem dor torácica, pulso rápido, palpitações, enxaqueca, fadiga e tontura. Os casos graves ocorrem quando a regurgitação do sangue, isto é, o retorno do sangue ao átrio, se torna excessivo, ou há infecções da válvula, chamadas de endocardite infecciosa, ou rupturas do tecido enfraquecido, segundo o Manual MSD.

A condição, também conhecida como Síndrome de Barlow, pode ser detectada com a ajuda de um ecocardiograma e afeta entre 5% e 10% da população mundial, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Como é feita a cirurgia

Aos pacientes que apresentam a condição, é mantido um acompanhamento próximo com um cardiologista e o PVM é monitorado por meio de ecocardiogramas, para verificar se há indicação para cirurgia.

O procedimento geralmente é recomendado quando o coração apresenta um aumento de tamanho excessivo em decorrência do retorno do sangue.

Em casos mais graves, é recomendada a substituição completa da válvula por uma prótese. Mas uma das opções mais recomendadas atualmente é a chamada “plastia mitral”, em que são adicionadas estruturas para sustentar a válvula, em uma espécie de conserto, sendo uma cirurgia menos invasiva.