O ciclone extratropical que atingiu o estado do Rio Grande do Sul no início de setembro até esta quarta-feira (13) pode causar prejuízos que vão além das perdas materiais. As fortes chuvas que afetam a região levaram ao aumento do nível do Rio Taquari, na região central do estado. Com o acúmulo de água e lama, doenças como leptospirose, dengue e tétano podem avançar.
Noventa e dois municípios do RS estão em estado de calamidade. Na tarde desta sexta-feira (15), a Defesa Civil do estado divulgou que subiu para 48 o número de mortos em decorrência das enchentes. Nove pessoas continuam desaparecidas.
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Na quinta (14), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) do RS recebeu 20 kits de medicamentos e insumos do Ministério da Saúde, em adição aos dez que já haviam sido enviados anteriormente, para serem distribuídos entre os municípios do Vale do Taquari, região mais afetada pela tragédia.
A Força Nacional do SUS também foi enviada à região. “O objetivo é diminuir o risco de exposição da população e dos profissionais de saúde, reduzir doenças e agravos decorrentes delas, bem como os danos à infraestrutura de saúde”, disse o Ministério da Saúde.
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Quais doenças as enchentes causam?
Com as enchentes, a água se espalha de maneira incontrolável, podendo entrar em contato com esgoto. Este, por sua vez, pode conter fezes e urina de roedores, que transmitem a leptospirose. A Leptospira, bactéria causadora da doença presente na água, então, penetra no corpo humano pela pele, principalmente se houver algum arranhão ou ferimento.
Outro risco é entrar em contato com a bactéria causadora do tétano. Ela pode estar presente em fezes de animais e de seres humanos, na terra, nas plantas e em objetos já contaminados. Com o risco de ferimentos cortantes aumentado pela necessidade de limpar e remover materiais desalojados pela enchente, tragédias como essa aumentam os riscos de aparecimento da doença, que contamina por meio de feridas na pele.
E, claro, enchentes aumentam as chances de desenvolvimento de dengue, pelo acúmulo de águas paradas. O aumento de poças favorece a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, que transmite a doença.
O Ministério da Saúde também alerta para o risco de acidentes com animais peçonhentos, como escorpiões, aranhas e cobras, provocado pelo ambiente com entulhos e destroços. Hepatite A, transmitida pelo contato de fezes com a boca, e doenças diarréicas agudas também estão entre o grupo de patologias que atingidos por enchentes devem tomar cuidado.
Como se prevenir
O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) do RS divulgou maneiras de prevenção contra as doenças impulsionadas pelas enchentes. O Cevs pede que a população não reaproveite alimentos que entraram em contato com as águas das inundações, pois eles podem estar contaminados. Água potencialmente contaminada também é um risco.
Para os alimentos, só é recomendado consumir aqueles enlatados que permaneceram em bom estado, não amassados e perfeitamente vedados após a enchente. As latas devem ser lavadas com água e sabão e emergidas por 30 minutos em uma solução de 1 litro de água para 1 colher de sopa de água sanitária.
A água suspeita deve ser filtrada e fervida. No lugar da fervura, podem ser adicionadas duas gotas de água sanitária para cada litro de água. Após o procedimento, a pessoa deve aguardar pelo menos meia hora antes de ingerir o líquido.
É importante não andar descalço, cobrir cortes ou arranhões com bandagens a prova d’água e usar luvas de borracha e sapatos impermeáveis ou botas de borracha na hora de remover entulhos e lama, alerta o Cevs.