SETEMBRO AMARELO

Sexo: Antidepressivos podem diminuir libido e desejo entre os parceiros

Tratamento medicado do transtorno não deve ser impedido. Mulheres sofrem mais com os efeitos colaterais

Depressão atinge um a cada oito brasileiros, diz levantamento.Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Os medicamentos antidepressivos podem diminuir o desejo sexual, principalmente no início da ingestão dos remédios. No entanto, a ausência da libido não deve ser motivo de interrupção do tratamento da depressão, que acarreta em consequências mais graves. 

A depressão também impacta diretamente na falta de desejo sexual, além da qualidade de vida geral. No início do tratamento com antidepressivos – que têm a função de melhorar o humor, sono e satisfação, por exemplo – pacientes relatam falta de libido. 

"O desejo sexual pode voltar após o corpo se acostumar com a medicação e se a doença estiver controlada. É fundamental conversar com o seu médico e seguir as orientações prescritas por ele", afirma Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

A depressão entre os brasileiros

Levantamentos mostram que um a cada oito brasileiros já foi diagnosticado com depressão. De acordo com dados do Ministério da Saúde, acumulados na pesquisa Vigitel Brasil 2021 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), 11,3% dos brasileiros já receberam diagnóstico médico da doença.

Os números cresceram ainda mais no Covitel 2023 (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), onde foi registrado que aumento de 19% no dado entre o período de pré-pandemia e o primeiro trimestre de 2022.

O relatório aponta que a autopercepção de depressão cresceu 41%, sobretudo entre mulheres e mais escolarizados. As mulheres apresentaram o dobro de diagnósticos se comparadas aos homens: uma a cada cinco mulheres têm depressão. 

Por que os antidepressivos atuam contra a libido?

Os medicamentos antidepressivos são, em sua maioria, uma classe de inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), responsáveis pelo aumento da concentração do neurotransmissor no corpo e no cérebro. A serotonina está relacionada à regulação de prazer e bem-estar. 

Os ISRS são comumente administrados em uso diário e apresentam menor risco de efeitos colaterais do que as demais classes. 

Contudo, ao aumentar o nível da serotonina na fenda sináptica – espaço de transmissão de estímulos neurais – os medicamentos aplicam um efeito reverso no nível da dopamina, neurotransmissor ligado ao desejo e excitação.

Entre os efeitos colaterais, as mulheres relatam falta de libido, pouca lubrificação vaginal e dificuldade de atingir o orgasmo. Os homens, por sua vez, costumam apresentar retardo na ejaculação com o uso de antidepressivos.

Com informações do g1.