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Novas superbactérias surgem e preocupam infectologistas no Brasil

Estudo publicado recentemente acende um alerta para risco em instalações hospitalares

Novas superbactérias assustam especialistas.Créditos: NIAID/Reprodução
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Um estudo desenvolvido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) fez descobertas preocupantes sobre o surgimento de novas superbactérias no Brasil. A pesquisa realizou o cruzamento  de três bancos de dados de laboratórios públicos do Brasil, incluindo o Gerenciador de Ambiente Laboratorial, de abrangência nacional. 

A conclusão levou em conta o resultado de 80 mil testes e foi publicada no Clinical Infectious Diseases, uma revista médica da Universidade de Oxford, em 1° de julho. As descobertas acendem um alerta para a segurança dos ambientes hospitalares.

A identificação das bactérias se baseou nas enzimas que produzem.  Uma enzima em especial, a NDM, está cada vez mais frequente. Ela torna as bactérias resistentes a vários tipos de antibióticos e seu aumento está relacionado com o aumento das superbactérias.

Presente no Brasil desde 2013, a metalobetalactamase New Delhi (NDM-1) foi identificada na Índia pela primeira vez em 2009 e é uma espécie dessa enzima. Houve um crescimento de 41% da substância em enterobactérias. Ela era observada em apenas 4,2% das amostras enviadas aos laboratórios em 2015, chegou a 23,8% em 2022.

Por sua vez, a produção de NDM-1 por bactérias da família Pseudomonas aeruginosa tiveram um aumento médio anual de 71,6%. Elas são patógenos oportunistas que causam infecção quando a imunidade está baixa.

"A gente sabia que estava detectando mais NDM, mas não tinha quantificado isso. Sempre achamos que a NDM era menos importante. Embora ela tenha sido encontrada em menor proporção no total de isolados, a taxa de crescimento dela é assustadora ao longo desses últimos anos", explicou o infectologista Carlos Kiffer, um dos responsáveis pelo estudo, à Folha de S.Paulo.

Segundo ele, caso siga a tendência, nos próximos três ou quatro anos, as bactérias que produzem a enzima podem tomar conta dos ambientes hospitalares.

No Brasil, ainda não há nenhum antibiótico que seja comprovadamente eficaz contra as novas superbactérias. Kiffer afirma que o protocolo é administrar antibióticos antigos, que podem fazer efeito ou não. 

Como prevenir as superbactérias?

Precisamos ter um plano que coordene o uso de antibióticos para prevenir a disseminação dessas bactérias. Já temos microrganismos panresistentes — ou seja, que não há nenhum antimicrobiano que consiga combatê-los apropriadamente — inclusive circulando no Brasil”, afirma o infectologista Julival Ribeiro, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI)

Combater o uso indiscriminado de antibióticos e aumentar os protocolos de segurança hospitalar também serão importantes.  Para isso, as equipes de limpeza e desinfecção devem atuar especialmente no controle de qualidade dos desinfetantes diluídos para manter sua capacidade de limpeza.

*Com informações de Metrópoles e da Folha de São Paulo