O estado de São Paulo registrou o primeiro caso do superfungo Candida auris. O Hospital da Mulher da Unicamp, em Campinas, confirmou a informação e revelou que o paciente é um bebê prematuro.
O Candida auris é um fungo resistente a antibióticos, com alta taxa de letalidade e capaz de se espalhar rapidamente. Dados divulgados pelo Centro para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, apontam que metade dos pacientes morre três meses depois da infecção.
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O hospital destacou que, entre as medidas de precaução, determinou a desinfecção do local de internação e dos equipamentos com produto à base de peróxido de hidrogênio. A limpeza da área ocorre a cada três horas.
O bebê apresenta boa evolução clínica, apesar de “condições associadas” à sua prematuridade e baixo peso.
O que é o superfungo?
O Candida auris é um tipo de fungo (levedura) que tem capacidade de se multiplicar com facilidade em ambientes de saúde e causar infecções graves em qualquer parte do corpo, com possibilidade de impactar a corrente sanguínea.
São suscetíveis pessoas com baixa imunidade, que sofrem internações frequentes ou recebem muitos antibióticos. A transmissão é por contato direto ou através de superfícies contaminadas.
Alguns sintomas comuns em infectados são dores, calafrios, febre ou mesmo a fatalidade. Outra possibilidade é a não manifestação dos sintomas no infectado. O grupo dos assintomáticos é caracterizado como “colonizador”. No entanto, a transmissão do superfungo por ele pode ocorrer.
Como surgiu?
O primeiro superfungo surgiu no Japão, no ano de 2009, quando um paciente internado foi identificado com a auris - orelha, em latim. De acordo com os dados compilados pelo CDC, o superfungo foi registrado em mais 47 países, o que o tornou uma ameaça global.
O total de pessoas infectadas com Candida auris chega hoje a 5 mil no mundo todo. Com internações em vários países durante a pandemia da Covid-19, o nível de alerta com o patógeno aumentou.
No Brasil, não se sabe exatamente como o superfungo começou a aparecer. Os dois primeiros casos identificados no país foram nos anos de 2020 e 2021 no mesmo município, em Salvador (BA). Na aparição do primeiro surto, mais de 15 pessoas foram infectadas.
Formas de prevenção
“É preciso que os hospitais se preparem para esse tipo de ocorrência, tenha uma comissão de controle de infecção hospitalar e crie protocolos. Além disso, a higiene do ambiente é muito importante, até mesmo a limpeza dos cateteres, de tudo que acaba precisando usar no paciente”, diz a infectologista Rosana Richtmann.
Segundo ela, o uso excessivo de antibióticos “sem necessidade” pode favorecer a propagação do fungo e é preciso manter a saúde mais saudável para ajudar em uma eventual contaminação.
“E lógico, como cidadão comum, quanto menos a gente precisar ir para os hospitais, melhor. Então, é tentar ter a vida mais saudável possível: controlar nossa diabetes para quem tem diabetes; parar de fumar para quem é fumante; ter uma boa alimentação; não ter o colesterol alto; e ter a prática de atividade física. Tudo isso ajuda na hora que a gente precisa, eventualmente, de uma hospitalização”, afirma.