A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que foi confirmado o terceiro caso do fungo Candida auris no Brasil. A identificação, ocorrida nesta terça-feira (11), foi confirmada pelo laboratório de referência da Bahia e aconteceu em um hospital da rede pública de Recife, em Pernambuco.
Segundo a Anvisa, ainda há outro caso suspeito, que está em investigação laboratorial. Tratam-se de dois pacientes, um homem de 67 anos e uma mulher de 70. Apesar de, até o momento, só haver um caso confirmado e outro em análise, pode-se considerar que há um surto de Candida auris no Brasil.
"A definição epidemiológica de surto abrange não apenas uma grande quantidade de casos de doenças contagiosas ou de ordem sanitária, mas também o surgimento de um microrganismo novo na epidemiologia de um país ou até de um serviço de saúde – mesmo se for apenas um caso", explica a Anvisa.
Perigoso e resistente a medicamentos
O fungo Candida auris representa perigo pois é resistente aos medicamentos utilizados para tratar infecções por Candida. Estudos apontam, por exemplo, que até 90% dos isolados de Candida auris são resistentes ao fluconazol,
anfotericina B ou equinocandinas. Esse tipo de padrão multirresistente não tem sido observado em nenhuma outra espécie do gênero.
Cientistas afirmam que o Candida auris pode provocar infecções no aparelho urinário, respiratório, no canal auditivo externo, vesícula biliar e em locais com ferimentos, podendo ser fatal, principalmente em pacientes imunodeprimidos ou com comorbidades. O fungo também pode permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses) e apresenta resistência a diversos desinfetantes.
Além disso, ele seria difícil de ser identificado com métodos laboratoriais comuns, o que o tornaria ainda mais perigoso, já que a detecção tardia de um caso poderia ser um fator de risco. No caso do hospital de Recife, a Anvisa informou que foram estabelecidas medidas de proteção e adotadas ações de prevenção e controle do surto.
A força-tarefa nacional também foi acionada e várias ações de vigilância, monitoramento, prevenção e controle foram intensificadas. O primeiro caso positivo de Candida auris no Brasil foi notificado à Anvisa em dezembro de 2020 e culminou em um surto com 15 casos e dois óbitos.
Em outubro de 2016, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) publicou um alerta epidemiológico em função dos relatos de surtos de Candida auris em serviços de saúde da América Latina, recomendando aos Estados-membros a adoção de medidas de prevenção e controle de surtos decorrentes deste patógeno.