Raimundo Neto, um menino de três anos, ficou sem andar e sem enxergar depois de ter sido picado por um escorpião em Barbalha (CE). Ele foi picado enquanto estava na casa de sua tia e foi levado ao hospital por sua mãe cerca de 30 minutos depois.
O menino foi submetido a exames e ficou em observação antes de ser transferido para a UTI. Quase 12 horas após a internação, o menino teve um edema agudo de pulmão que causou quatro paradas cardiorrespiratórias, de acordo com a família. Raimundo passou 33 dias na UTI, sendo 11 deles intubado.
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De acordo com Nageane de Souza, mãe de Raimundo, a médica falou: “Vocês têm que ser fortes porque o filho de vocês está em estado gravíssimo'. O chão se abriu para mim. Só lembrava do rostinho do meu filho, da experiência dele, tinha acabado de iniciar na escolinha, os 15 dias, sempre que eu lembro é uma dor para mim. É como se eu tivesse vivendo um pesadelo desde aquele dia até hoje.”
Cegueira irreversível
Os pais de Raimundo Neto procuraram especialistas para analisar as sequelas do garoto e descobriram que a cegueira dele é irreversível. Além do acompanhamento neurológico, a criança precisa tomar medicamentos diários para problemas cardíacos, o que deve comprometer parte da renda da família.
Os pais do menino estão preocupados com a falta de clareza sobre o que causou as sequelas e questionam a demora na administração do soro contra o veneno do escorpião, que só foi aplicado no dia seguinte à internação na UTI. Eles se perguntam se o soro teria prevenido as sequelas se tivesse sido aplicado antes.
O Hospital São Vicente de Barbalha, onde o menino foi internado, não respondeu às perguntas do UOL sobre o procedimento padrão para casos de escorpionismo e quais medidas foram tomadas com a criança.
Estudo
Estudo publicado na revista Nature feita por pesquisadores da Universidade de São Paulo mostra que nos casos graves de escorpionismo ocorre uma reação neuroimune sistêmica que leva à liberação de neurotransmissores.
A pesquisa sugere que o bloqueio do processo inflamatório pode ser realizado por meio de corticoides, que devem ser administrados quase que imediatamente após a picada. No entanto, o estudo enfatiza que o soro ainda é necessário.