Em tratamento contra um câncer no intestino, a cantora Prata Gil revelou, neste domingo (16), que sofreu um quadro de choque séptico, no final de março, o que preocupou seus fãs.
“Infelizmente, nesse último mês eu não pude estar aqui pra contar pra vocês como eu estava porque eu, realmente, passei por um imprevisto, por um grande susto, que me impossibilitou de vir dar notícias pra vocês. Eu já peço desculpas pelo sumiço, mas foi por força maior. Eu realmente fiquei muito mal”, disse a artista, via redes sociais.
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“No dia 23, eu passei por uma septicemia, por um choque séptico, causado por uma bactéria que entrou no meu organismo. Existem algumas possibilidades para que essa bactéria tenha entrado no meu organismo. A mais latente, a que os médicos acham que pode ter sido, foi através do meu cateter, que eu fazia quimioterapia. Eles acham que pode ter sido por ali”, relatou. Felizmente, Preta conseguiu se recuperar do grande susto.
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O médico infectologista Marcos Caseiro ratificou a seriedade do problema. “Choque séptico é muito grave. É um problema mundial que a gente chama de sepse, que é uma resposta à desregulação do organismo frente a uma infecção. O choque séptico é mais comum em pacientes em radioterapia ou quimioterapia. Esses pacientes acabam ficando imunossuprimidos, quer dizer, têm baixa da imunidade”, afirmou, em entrevista à Fórum.
“Os indivíduos que apresentam esse quadro têm chances de bactérias, bactérias intestinais, às vezes, fazerem a translocação, que pode provocar a sepse. A pessoa precisa ir imediatamente para o hospital, precisa de antibióticos, de correção volêmica”, destacou.
Caseiro ressaltou, ainda, que quando a pessoa tem sepse diagnosticada, toma antibiótico, mas não responde e permanece com pressão baixa, é quando se confirma o choque séptico. “Então, choque é uma infecção, um quadro de sepse com infecção grave, associado a não resposta. O paciente precisa ficar internado, de sete a 14 dias, pelo menos. É muito grave”.
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O infectologista reafirmou que a septicemia é um problema mundial e que é imprescindível que o diagnóstico seja feito precocemente pela necessidade imediata do antibiótico.
“Repetindo: sepse é quando você tem uma infecção sistêmica grave. O paciente necessita tomar antibiótico em altas doses, fazer volume, é preciso hidratar essas pessoas. Quando, apesar da hidratação, elas permanecem com hipotensão, nós chamamos de choque séptico. Quem faz quimioterapia tem baixa da resposta imunológica e o risco aumentado, provavelmente o que aconteceu com ela (Preta Gil)", acrescentou.
“Dados de mortalidade por sepse no Brasil são vergonhosos”, aponta o médico
Caseiro reafirmou que a sepse é um enorme problema no mundo, mas o Brasil apresenta números assustadores. “De acordo com o estudo Sepsis Prevalence Assessment Database (Spread), feito em quase 300 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) brasileiras, 55,7% dos pacientes que apresentam sepse morrem”, revelou o infectologista. “É uma mortalidade inaceitável. A mortalidade em países europeus, na América do Norte, é 20 ou 25%, que já é alta", avaliou.
"Há um grande movimento nacional no sentido de discutir sepse, que está ligada ao diagnóstico precoce. Se demorar horas para fazer esse diagnóstico, o paciente morre. Nossos dados são vergonhosos”, criticou.
“É evidente que esse número é de UTIs em geral. Se pegar a UTI do Albert Einstein, do 9 de Julho, do Sírio-Libanês, a gente tem índices europeus. Mas nas UTIs, em geral, são esses números vergonhosos mesmo”, completou Caseiro.