Beber não faz bem à saúde, em aspecto algum. No que diz respeito à integração social e aos hábitos, tomar um copo por vezes é uma forma de conviver, se relacionar ou ainda apenas relaxar, mas não passa disso, uma vez que o álcool é deletério ao corpo humano. E quando você exagera, qual a reação direta que o álcool provoca no seu corpo?
Para além de vários fenômenos já conhecidos que decorrem do consumo de bebidas alcoólicas, como a diurese, uma ocorrência é um pouco mais preocupante. Ao beber um pouco mais que uma ou duas taças, ou além de uma latinha de cerveja, o córtex cerebral, uma camada que tem de 4mm a 2mm de espessura e recobre a parte externa do cérebro, se afina acentuadamente.
Essa região que está na superfície externa do órgão é extremamente importante e é responsáveis por funções vitais como nos aspectos de informações sensitivas, de planejamento e de iniciação das atividades motoras, como as tomadas de decisões, a motivação, a atenção, a aprendizagem, a memória, a solução de problemas e a capacidade de abstração. Rica em neurônios, ali está também a parte que mais sofre fisicamente quando você toma um porre.
De acordo com uma pesquisa realizadas por cientistas da Universidade de Stanford, nos EUA, cada vez que você exagera e perde espessura no córtex por conta de um pileque são necessários 7,3 meses de abstinência (período sem beber absolutamente nada alcoólico) para que aquele tecido se recomponha da forma que era antes da bebedeira. Sim, você não leu errado: 7,3 meses, ou seja, algo como 215 dias a seco, sem um gorozinho sequer.
“Há informações muito limitadas no campo do transtorno por uso de álcool sobre como a estrutura do cérebro humano se recupera durante a abstinência de longo prazo após o tratamento. Nosso estudo é o primeiro a demonstrar recuperação significativa da espessura do córtex em múltiplas regiões naqueles que procuram tratamento para transtorno por uso de álcool durante aproximadamente 6 a 7 meses de abstinência”, contextualizou o cientista Timothy Durazzo, líder dos pesquisadores e professor de Stanford, numa entrevista ao portal da área de saúde mental PsyPost.
Foram 88 pacientes com problemas relacionados ao consumo excessivo de álcool, com outros 45 do grupo controle, que não consumiam bebidas do tipo. Eles tiveram o córtex monitorado em 34 regiões diferentes por meio de exames de ressonância magnética. Ao fim de 7,3 meses (próximo de 215), um total de 26 áreas já tinham voltado ao estado normal anterior à bebedeira, enquanto as demais tinham apresentado melhoras muito significativas.
“Esses resultados apoiam os efeitos adaptativos e benéficos da sobriedade sustentada na recuperação estrutural do cérebro em pessoas com transtorno de uso de álcool”, escreveu um dos pesquisadores na conclusão do trabalho científico.