DIA MUNDIAL DE COMBATE AO CÂNCER

Câncer: “assombroso não é ter, mas sim não ter”, diz especialista

Apesar dos dados assustadores, a medicina já conta com várias atenuantes e formas de prevenção; veja aqui

Mitosis.Créditos: Pixabay
Escrito en SAÚDE el

O câncer é o principal problema de saúde pública do mundo, de acordo com a ONU. Neste 8 de abril é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer, data em que é sempre lembrado o assombroso dado propagado por vários especialistas: uma a cada duas pessoas do planeta nascidas após 1960 vão desenvolver algum tipo de câncer ao longo da vida.

O professor espanhol de bioquímica e biologia molecular, Carlos López-Otín, por exemplo, chegou a declarar em entrevista que “assombroso não é ter câncer, mas sim não ter”.

Por ocasião do lançamento do seu mais novo livro sobre o assunto, chamado “Egoístas, Imortais e Viajantes - As chaves do câncer e de seus novos tratamentos: conhecer para curar” ele descreve:

"Saio à rua, começo a caminhar, olho para os lados e vejo que por coincidência duas pessoas caminham no mesmo ritmo que eu. Não as conheço, mas sei que ao menos um deles vai desenvolver um câncer ao longo da vida. Esses são os números da virulência", disse ele em entrevista à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, em fevereiro deste ano.

Explicações e atenuantes

O dado assustador, no entanto, traz consigo algumas explicações e várias atenuantes. Câncer, de acordo com vários especialistas, é uma doença que alcança em sua maioria pessoas com mais de 60 anos.

A entidade beneficente britânica Macmillan Cancer Support afirma que o aumento na incidência, portanto, pode ser explicado pelo fato de que a expectativa de vida está aumentando e, com ela, os casos da doença.

Ao mesmo tempo em que se dá o aumento de casos, aumenta também o número de pacientes curados. Levantamento feito pela Sociedade Americana de Câncer, que reuniu dados sobre diagnóstico, tratamento e mortalidade por câncer de 1975 até 2019, mostra o impacto dos avanços da medicina.

O estudo aponta que 1991 pode ser considerado um marco. Foi nesse ano que as curvas das estatísticas começaram a mudar significativamente. Protocolos, medicamentos e recursos novos no combate ao câncer começaram a ser utilizados no início da década de 1990.

A oncologista Paula Sampaio explica em entrevista ao portal da Assembleia Legislativa do Pará que "se os Estados Unidos tivessem continuado a utilizar apenas os recursos disponíveis em 1991, 28 anos depois, em 2019, o número de mortes anuais de homens, por câncer, teria sido superior a 500 mil no País. E o número foi pouco superior a 300 mil. O de mulheres seria perto de 400 mil em 2019. Foi de menos de 280 mil. Essas estimativas são concretas. Os avanços da ciência têm salvado milhares de vidas e isso vale para o resto do mundo”.

Prevenção e riscos

Apesar de todos os avanços da medicina, o melhor mesmo é não ter doença alguma, sobretudo o câncer, segunda maior causa de mortes no planeta, perdendo apenas para as doenças cardíacas. Veja abaixo as várias formas de prevenção e os fatores que aumentam os riscos preparados pela Fundação do Câncer.

Agentes Infecciosos

A infecção por alguns tipos de vírus como hepatite B e C, herpesvírus tipo II e papilomavírus humano, HIV, elevam o risco para câncer.

Alimentação não saudável

Muitos alimentos são associados ao processo de desenvolvimento de câncer, principalmente na mama, cólon (intestino grosso), reto, próstata, esôfago e estômago. Devem ser evitados carnes processadas, defumadas, curadas ou salgadas (carne de sol, charque e peixes salgados), os embutidos, como salsicha, linguiça, mortadela e salame.

Consumo de Álcool

O consumo de álcool está associado não só ao desenvolvimento de vários tipos de câncer, como também a mais de 200 doenças (cardiovasculares, mentais e hepáticas).

Fatores Ocupacionais

O câncer ocupacional surge da exposição por muitos anos a agentes carcinogênicos presentes no ambiente de trabalho, mesmo após interrompida a exposição, e representa de 2% a 4% dos casos de câncer.

Radiação Solar

De todos os casos de câncer registrados no Brasil, o de pele é o mais frequente e equivale a cerca de 32% dos tumores diagnosticados em todas as regiões do país.

Sedentarismo

Além de provocar o aumento de peso, o sedentarismo eleva o risco de desenvolver doenças crônicas como o câncer e deixa o indivíduo menos disposto para realizar as atividades do dia a dia.

Tabagismo

Considerado a principal causa de morte evitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é responsável pelo desenvolvimento de aproximadamente 50 doenças, incluindo o câncer.