LUTO E LUTA

Marielle é 'semente no Brasil inteiro' para mais mulheres na política, diz mãe da vereadora

Sete anos após o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, Marinete Silva fala sobre o legado deixado pela filha; atividades marcam a data, confira a programação

Marinete Silva, mãe de Marielle Franco, no memorial em homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco, na Empresa Brasil de Comunicaçao (EBC)Créditos: Antonio Cruz/Agência Brasil
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Neste 14 de março, completam-se sete anos dos assassinatos da vereadora carioca do Psol, Marielle Franco, e do motorista Anderson Gomes, e uma série de atividades promovidas pelo instituto que leva o nome da parlamentar marca o dia.

"Acho que março é um marco dessa história que a gente vive com a Marielle. Viver março é muito simbólico e, ao mesmo tempo, emblemático", explica, em entrevista à Fórum, a mãe de Marielle, a advogada e integrante da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro, Marinete Silva. 

"A gente vem de um ano em que houve uma condenação [Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz] e, a partir daí, tem uma mudança significativa em todo o processo político e também judicial da Marielle. Março traz isso, nós, as mulheres, a família, nas ruas, reivindicando, falando sobre a história da Marielle. Falando sobre justiça, dignidade, sobre a barbárie que foi o crime contra a minha filha", afirma.

Legado de Marielle

Marinete destaca que Marielle se tornou uma referência dentro da política, estimulando a participação de mais mulheres, especialmente as mulheres negras.

"No ano em que a Marielle ganhou as eleições, ela fez um seminário, Mais Mulheres na Política, aqui no Rio de Janeiro, que marcou toda a história política das mulheres. Então, ela hoje é seta, é referência, é história, tem sido semente no Brasil inteiro, com mais mulheres aderindo a esse processo", aponta. "Cada vez mais a gente vê mulheres aderindo a esse processo político-partidário, que é importante, e não só partidário, acho que em todos os lugares."

Sobre o cenário dos direitos humanos no Brasil, a advogada e integrante da Comissão dos Direitos Humanos da OAB falou sobre a importância do julgamento, que será retomado em 26 de março no Supremo Tribunal Federal (STF), da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como ADPF das Favelas, considerada fundamental para frear a letalidade policial no Rio de Janeiro.

"A ADPF é descumprida constantemente. Por isso que nós estamos a defendendo; eu estive na primeira defesa [no julgamento do STF], não na segunda, mas estive na primeira em novembro, e vimos o quanto se tem lutado para que isso mude, para que as autoridades tenham em mente que a vida do outro é tão significativa como a sua", pontua. "Dezenas de crianças com as vidas ceifadas injustamente, ou mesmo sem ter o direito de ir e vir dentro dos seus municípios, dos seus territórios, o que é fundamental, parando as aulas, os postos de saúde, enfim, parando a vida das pessoas que constroem esse país."

Programação

A programação desta sexta-feira começa à 9h, com uma missa em memória de Marielle na Igreja Nossa Senhora do Parto, com uma caminhada antecedendo o culto. Participarão, além dos familiares, autoridades políticas, defensores dos direitos humanos, representantes de movimentos sociais e organizações da sociedade civil. 

No período da tarde, entre as 17h e 23h, acontece o Festival Justiça por Marielle e Anderson 2025 na Praça da Pira Olímpica, com shows e apresentações gratuitas, incluindo o espaço Coruja Recreativo para crianças, feira gastronômica, oficina de bordados, e o Espaço Justiça por Marielle e Anderson, que conta com uma sessão interativa e exposição de fotos da memória das vítimas. 

Já no sábado (15) será realizado o lançamento do livro infantil A História de Marielle Franco, obra do Instituto Marielle Franco e  Editora Astral Cultura, de autoria da professora Pamella Passos, comadre e pesquisadora de Marielle.

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