O primeiro beijo LGBTQIA+ do Big Brother Brasil, protagonizado pelo doutorando em economia Gilberto e o ator Lucas Penteado, na madrugada do domingo (7), gerou um show de preconceito dentro do reality show.
Parte dos participantes do programa - especialmente Lumena Aleluia, Karol Conká, Pocah e Nego Di - acusaram o ator de usar Gilberto como parte de uma estratégia para ganhar destaque dentro da casa, invalidando a bissexualidade dele.
"Ele tá usando. Ele é falador e falador passa mal! Ele é palestrinha. João, eu tô errada?", questionou Lumena, que é lésbica, a João Luiz Pedrosa. "Acho que não cabe a gente julgar a sexualidade dele", rebateu o participante. "Eu não tô julgando a sexualidade dele, mas o jogo e a estratégia de jogo dele", justificou Lumena.
"Tem várias formas de se assumir", quis ensinar a funkeira Pocah, que também se diz bissexual. "Você não é especial, tem um monte de gente LGBT aqui. Você caiu na sua própria cilada, você não pegou a visão. Não adianta agenciar pauta aqui dentro, tem outras pessoas igual você, fica agenciando pauta, pautas sérias", gritou Lumena.
"Vai achar que eu tô brincando com um bagulho que sou eu, porque eu não sei ser outra pessoa. E eu não vou conviver com outras pessoas que não aceitam quem sou eu", respondeu Penteado.
Pressionado com as críticas e com o isolamento que já vinha sofrendo de dias anteriores, Lucas resolveu deixar o reality. Nas redes sociais, internautas destacaram os preconceitos de raça e sexualidade que o ator sofreu dentro da casa.
Um dos assuntos que ganhou as redes ao longo do domingo e nesta segunda-feira (8) foi a bifobia contra o ator. O termo se refere à discriminação contra pessoas que se relacionam afetiva ou sexualmente com indivíduos de mais de um gênero.
De acordo com a ONG Livres & Iguais, que realiza diversos estudos e levantamentos em torno da pauta LGBTQIA+ no Brasil, os bissexuais sofrem com diversos estereótipos negativos, como "mitos de que estariam ‘querendo chamar atenção’ ou ‘apenas experimentando’ e de que seriam ‘imorais’ ou 'instáveis'''.
“A bifobia afeta a habilidade das pessoas de reportarem abusos e de acessarem serviços, além da possibilidade de buscarem a proteção internacional do refúgio”, afirma a ONG em documento.
Com isso, diversos artistas, influenciadores e pessoas ligadas à militância foram às redes sociais para denunciar a bifobia contra Lucas e prestar apoio ao ator. "Os bi ficam no armário porque vão ser desacreditados duas vezes, pelos héteros e pelos homos", escreveu a influenciadora Dora Figueiredo no Twitter.
"Perdemos o melhor romance da história do BBB por conta da bifobia protagonizada por uma lésbica e duas mulheres bi que desumanizaram tanto o Lucas a ponto de não enxergar a violência que estavam cometendo", afirmou o colunista do site Mundo Negro, Leví Kaique Ferreira.
A Aliança Nacional LGBTI+ também se posicionou contra o preconceito sofrido por Lucas. "Na vida fora do reality, as pessoas que sofrem esse tipo de situação, muitas vezes, recorrem ao suicídio. Conforme estudo realizado pela Universidade La Trobe, pessoas bissexuais sofrem mais abalos psicológicos, em razão do questionamento que lhes é imposto a todo instante, aliado à falta de apoio psicológico e emocional, de tal forma que uma em quatro pessoas bissexuais já tentou cometer suicídio", diz a nota da entidade, publicada nas redes sociais.
Confira outras reações sobre a saída de Lucas: