Documentos obtidos pela CPI do Genocídio apontam que o ex-presidente Lula foi um dos políticos atingidos nas redes sociais por bolsonaristas. Blogueiros alinhados à extrema direita e, portanto, ao governo, usaram grupos de WhatsApp para realizar ataques coordenados contra opositores.
Além de Lula, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-aliados de Jair Bolsonaro, foram vítimas dos ataques.
Entre os blogueiros mencionados como participantes do esquema de disseminação de fake news está o youtuber bolsonarista Bernardo Küster.
“Recebi ordens do GDO para levantar forte a tag #DoriaPiorQueLula. Bora lá no Twitter”, postou ele em um grupo, de acordo com reportagem de O Globo.
O termo “GDO” é uma evidente referência ao chamado “Gabinete do Ódio”, grupo que atua na propagação de fake news nas redes sociais, formado por auxiliares de Bolsonaro com cargos no governo.
Em outro diálogo em poder da comissão, um assessor da deputada bolsonarista Caroline de Toni (PSL-SC) afirma que “tinha acesso a documentos sigilosos da CPI das Fake News” e que estava com medo de divulgar uma informação sobre a “Pepa”, termo insultuoso usado contra Joice Hasselmann.
“Falei com o adv (advogado) do gabinete do Edu, e ele disse que vai tentar outro caminho (...) Se isso vier a público agora, a Joice vai solicitar ao pessoal lá quem acessou (o sistema). Vai foder o cara lá e a mim tbm, que contei”, declarou o assessor a Küster.
O filho do presidente?
Na avaliação da CPI, o nome “Edu” pode ser uma referência ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente e hoje desafeto de Joice.
Em outra mensagem, o assessor diz que vai atuar para tentar impedir a convocação do blogueiro que havia sido pedida pela comissão.