A antropóloga e professora da Faculdade de Direito da UnB, Debora Diniz, utilizou sua página do Instagram, nesta terça-feira (25), para comentar o crime cometido pela deputada evangélica conservadora, Flordelis. A deputada foi acusada de homicídio triplamente qualificado, sendo principal suspeita no assassinato de seu marido, o pastor Andersson do Carmo.
“Uma deputada federal é acusada de mandar matar o marido, um pastor. Como é parlamentar, a deputada não será presa", diz em seu texto.
Apesar de ter sido indiciada por associação criminosa, homicídio, uso de documentos falsos e falsidade ideológica, Flordelis não foi sentenciada com um mandado de prisão – diferentemente dos outros 10 participantes do crime. O filho biológico da deputada, Flávio dos Santos, foi apontado como autor dos disparos que mataram Andersson e foi preso logo no velório do padrasto, em 2019.
No breve texto publicado em seu perfil, Debora faz uma análise sobre o comportamento apresentado por Flordelis, que preferiu assassinar o marido, a quebrar regras religiosas ao se divorciar do mesmo.
“Não queria escandalizar o nome de Deus", confessou ao ser apontada como mandante do crime.
A professora e colunista do El País, entretanto, contestou a frase, argumentando sobre as ações dos políticos cristãos conservadores em utilizar da fé para justificar suas ações criminosas.
“O que é escandalizar o divino para essa gente? A resposta pode ser rápida: ‘isso é gente mentirosa’. Está bem se assim for, mas por que usam a palavra da fé para justificar bandidagem? Porque são fanáticos. Roubam sem misericórdia de gente pobre, matam com crueldade para enriquecer sozinhos, porém falam a voz que creem reverberar no mundo que circulam", argumenta.
No final de seu texto, Debora Diniz estabelece diferenças em pessoas de fé, fanáticos e faz contraponto com a onda de ódio advinda dos apoiadores políticos de Bolsonaro.
“Nem toda pessoa de fé é fanática. Ao contrário. O que fez o redemoinho de ódio do bolsonarismo foi uma espoliação da narrativa religiosa para justificar o fora-da-lei", aponta Debora.