O ativista e ex-deputado Jean Wyllys fez uma sequência de publicações no Twitter nesta terça-feira (18) criticando a postura do jornalista Marcelo Tas durante participação como entrevistador no programa Roda Viva que recebeu Marcelo Adnet.
"A fala de Tas é uma manifestação de ignorância arrogante e um esforço de mistificação que me levam a crer que a direita brasileira so abriga desonestos intelectuais profundamente ressentidos com ditaduras e autocracias que não sejam as suas", definiu Wylls.
O ativista disse que se esforça "para conferir alguma dignidade à direita brasileira ou aos que se dizem de direita", mas que a cena de Tas no Roda Viva dá a ele "vontade de desistir". "É muita burrice premiada com espaço", disparou.
No programa, Adnet disse que não há como “morar no Brasil e não ser de esquerda”, o que incomodou Tas. O ex-CQC, então, disse não existir humoristas em Cuba ou na China e afirmou que o posicionamento de esquerda prejudica o trabalho de humoristas, pois, de acordo com ele, a comunicação progressista é “arrogante”.
A postura de Tas gerou repercussão nas redes sociais. Diversos usuários mencionaram alguns dos integrantes da cena humorística cubana, como Luis Silva, conhecido como Pánfil. O ator e comediante Gregorio Duvivier também criticou Tas: "Se você não é transparente, não culpe o humorista que é”.
Confira a sequência de mensagens publicadas por Wyllys:
Eu até me esforço (e muito) para conferir alguma dignidade à direita brasileira ou aos que se dizem de direita, porque sei, como democrata, que a posição de direita é legítima numa democracia liberal. Mas ao ver isso, dá vontade de desistir (segue o fio).
A fala de Tas é uma manifestação de ignorância arrogante e um esforço de mistificação que me levam a crer que a direita brasileira so abriga desonestos intelectuais profundamente ressentidos com ditaduras e autocracias que não sejam as suas.
Tas confunde esquerda (uma posição política nas democracias liberais) com comunismo; e critica Cuba e China como se fossem iguais e como não houvesse ditaduras capitalistas, e como se mesmo a China não praticasse uma economia capitalista sob o manto do “comunismo”.
Tas sequer tenta problematiza ou distinguir o comunismo enquanto utopia nunca realizada (inclusive parece não saber do comunismo cristão) das experiências históricas autoproclamadas comunistas. E essa bobagem que ele diz sobre o termo “lacração”?
É muita burrice premiada com espaço. É muita impostura tolerada durante anos numa televisão que se recusou a ser plural e ouvir múltiplas vozes, e daí sacralizou esses ignorantes motivados e arrogantes.