A internet foi à loucura com o cumprimento da ordem de despejo no quilombo Campo Grande, no município de Campo do Meio, interior de Minas Gerais.
A ação, que vem sendo acusada de covarde e desumana, causa indignação e revolta sobretudo por estar sendo praticada em plena pandemia.
“Um despejo de famílias, que produzem alimentos e reivindicam educação. O genocídio é o modo de governar dos tiranos”, afirmou João Pedro Stédile, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), nas redes sociais.
Nunca é demais dizer que ver crianças sendo despejadas de uma escola em plena pandemia é algo desumano e parece inacreditável.
Porém é o que está a acontecer. Desde às 7 horas da manhã desta quarta-feira (12), mais de 450 famílias de trabalhadores rurais estão sendo obrigadas a deixar as terras que ocupavam há mais de 20 anos. Para forçar a reintegração das terras, a Polícia Militar de MG, sob as ordens do governador Romeu Zema (Novo), usa de forte aparato de repressão como tropa de choque, helicópteros e cavalaria; trabalhadores estão tendo suas casas invadidas e a polícia age com truculência.
Esse é mais um triste capítulo da luta pela terra no Brasil, onde, aparentemente, as terras estão reservadas ao homem branco, que manda e desmanda, mata e desmata, invade, grila, toma posse; mas que, no entanto, não enfrenta a fúria policial como ocorre com pobres agricultores pretos e pardos.
“É criminoso tirar pessoas de casa, ainda mais nesse momento”, diz um tuíte do PSOL. Pela manhã, também pelo Twitter, o MST informou que “o primeiro alvo da polícia foi a Escola Popular Eduardo Galeano, agora as famílias fazem uma barricada para proteger suas casas, mas a situação é de muita tenção”. A deputada federal Margarita Salomão (PT) tuitou: “Dia vergonhoso para Minas, que cena dolorosa. Eu conheço Campo do Meio, eu conheço o acampamento, sei da luta desse povo pelo direito de produzir... alimentos”.
As famílias que estão sendo despejadas produzem, há 20 anos e de forma orgânica, o Café Guaií. A terra, que estava abandonada pela usina Ariadnópoles, que veio a falência há duas décadas, é reconhecidamente produtiva e garante trabalho e sustento para as famílias que vivem no acampamento.