Na ânsia de querer culpar “as esquerdas” por tudo o que acontece, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub deu (mais) uma bola fora. Ele afirmou corretamente, em seu Twitter, nesta terça-feira (3), que “estupro culposo”, sem intenção de cometer a violência, não existe. Esse termo foi associado ao caso em que o empresário André de Camargo Aranha, acusado de estuprar a influenciadora Mariana Ferrer em Florianópolis, foi inocentado. Mas, para Weintraub, a expressão é fruto de “marxismo cultural”, a tão propagada teoria de Olavo de Carvalho.
“ESTUPRO CULPOSO (sem intenção) NÃO EXISTE! Relativização de crimes é fruto do marxismo cultural: ‘Ninguém é absolutamente culpado de nada; somos todos vítimas da sociedade machista.’. Em um Brasil CONSERVADOR, os CANALHAS terão receio em se aproveitarem das pessoas mais fracas”, escreveu ele em seu Twitter.
O que Weintraub deixou de fora de seu raciocínio foi que o caso foi acompanhado pelas forças progressistas, que defenderam a influenciadora. E que estão atacando a sentença proferida pelo juiz Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis. O magistrado alegou que não poderia condenar o réu depois de o Ministério Público ter pedido sua absolvição.
O caso teria ocorrido em 16 de dezembro de 2018, no beach club Café de La Musique. A vítima chegou a apresentar diversas provas de que Aranha a drogou e estuprou. “Não é nada fácil ter que vir aqui relatar isso. Minha virgindade foi roubada de mim junto com meus sonhos. Fui dopada e estuprada por um estranho em um beach club dito seguro e bem conceituado da cidade”, publicou a jovem naquele ano. O assunto ganhou repercussão internacional.
O advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, que defendeu o empresário no caso, humilhou Mariana ao longo da audiência, segundo imagens divulgadas em reportagem do site Intercept.
A matéria descreve que ele divulgou fotos sensuais que Mariana tinha feito antes do fato que estava sendo julgado, chamando-as de “poses ginecológicas”, para defender que a relação havia sido consensual.
E Weintraub deveria ter se informado pela matéria de quem era o defensor do acusado. A reportagem diz que ele é um dos mais caros de Santa Catarina e já representou nomes famosos ligados ao bolsonarismo, como o próprio Olavo de Carvalho e a ativista Sara Winter.
- Observação: O termo "estupro culposo" foi usado com base na reportagem de Schirlei Alves, no site The Intercept. A construção, no entanto, não foi usada nas alegações do promotor Thiago Carriço, segundo nota emitida pelo Ministério Público de Santa Catarina na noite de terça-feira (3). Diante disso, a Fórum promoveu a adequação dos textos e títulos das reportagens sobre o caso.