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Na estreia do Terra em Transe na TVPUC, os membros do Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais (GECI/PUC-SP) entrevistaram a especialista em saúde global Deisy Ventura sobre as políticas públicas e impactos políticos e econômicos do enfrentamento à COVID19.
Na quarta-feira, 27/05, o GECI estreou o programa Terra em Transe pela TVPUC. O tema do programa foram as políticas públicas e os impactos políticos e econômicos do enfrentamento à COVID19, com foco no Brasil e nos EUA. Apresentado pela pesquisadora do GECI Bárbara Blum, o programa contou com a participação da especialista em saúde global Deisy Ventura, professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP), professora do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP e Presidente da Associação Brasileira de Relações Internacionais - ABRI (2019-2021). Ventura foi entrevistada pelos professores de Relações Internacionais da PUC-SP e pesquisadores do GECI Rodrigo Amaral e Reginaldo Nasser.
Deisy Ventura ressaltou que os presidentes de Brasil e EUA, Jair Bolsonaro e Donald Trump, têm destoado totalmente da abordagem feita na maioria dos outros países em relação à questão da COVID19. Ambos os presidentes têm insistido em uma postura negacionista da gravidade do problema e da necessidade de cooperação internacional para combatê-lo, e apostam também na falsa dicotomia entre economia e vida. Para Ventura, a recessão econômica em virtude da COVID19 é inevitável, o que torna ainda mais inadmissível o desprezo pela saúde da população em nome da continuidade sem maiores restrições das atividades produtivas.
Especificamente no caso brasileiro, Ventura afirmou que a postura do governo federal reflete, ao mesmo tempo, um projeto de destruição de instituições como o Ministério da Saúde e uma tentativa de mobilizar a base de apoio extremista de Bolsonaro. Na visão da especialista, a escolha do governo brasileiro constitui um crime contra a humanidade e custará a vida de dezenas de milhares de pessoas. A postura do governo federal brasileiro contrasta radicalmente, por exemplo, com a da Argentina. No país vizinho, comentou Ventura, a relativa escassez de recursos e as divergências políticas não impediram a formação de um consenso político que possibilitou uma postura muito mais exitosa no combate à COVID19. Para além das sequelas para a população brasileira, os prejuízos da política do governo Bolsonaro, segundo Ventura, estendem-se também à queda do prestígio internacional do Brasil.
Outra questão destacada foi o individualismo no posicionamento sobre a COVID19 - postura frequentemente exaltada por membros do governo federal brasileiro. Para Deisy Ventura, a saúde pública é um campo que mostra claramente os limites do individualismo, como demonstraram as consequências deletérias para a saúde da população decorrentes da falta de investimentos públicos em diversos países. Em virtude de restrições de investimentos públicos, o sistema de saúde brasileiro chegou fragilizado ao contexto da COVID19. O entendimento da indissociabilidade entre a adoção de medidas restritivas de direito e a proteção social, destaca Ventura, é o que torna as pessoas capazes de atender às recomendações de saúde.
No que tange às relações internacionais e ao alcance global da pandemia, Ventura ressaltou que a atuação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é fundamental para diversos países. Nesse sentido, o fato de a OMS ser composta e sustentada por Estados torna ainda mais premente a necessidade de coordenação e apoio à instituição. Para Ventura, apesar de certos defeitos da OMS, as críticas a essa instituição (como as feitas por Trump) são injustas e infundadas, e refletem uma perniciosa busca por bodes expiatórios no combate à COVID19.
No último bloco do programa, a pesquisadora do GECI Isadora Souza trouxe referências de políticas públicas e iniciativas da sociedade civil no combate à COVID19. Uma delas é a referida política de combate à pandemia feita na Argentina. No Brasil, os boletins da Rede de Políticas Públicas & Sociedade têm oferecido estudos técnicos voltados para a melhoria das políticas públicas de combate à COVID19 no país.
Outra instituição brasileira, o Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo, tem produzido a Agenda de Emergência, ferramenta de monitoramento de decisões do poder público que podem potencialmente ferir a democracia no Brasil. Por fim, a Rede Brasilândia Solidária (presente no Facebook e no Instagram), rede de organizações e lideranças comunitárias do bairro paulistano de Brasilândia, tem se articulado para minimizar os efeitos da COVID19 na região. Membros da Rede Brasilândia Solidária participarão de uma live promovida pela Associação de Pós-Graduandos da PUC-SP no dia 01/06 às 10h.
O Terra em Transe continuará indo ao ar ao vivo às quartas-feiras, às 18h30, com transmissão pela TV PUC (YouTube), o Facebook do GECI e o Canal Universitário de São Paulo (CNU). Na próxima edição, no dia 03/06, o tema do Terra em Transe será a questão da desinformação e das fake news em contraposição à divulgação do conhecimento científico.