Sem aumento real, o reajuste concedido por Jair Bolsonaro (PL) ao salário mínimo, que chegou a R$ 1.211, não compra nem mesmo duas cestas básicas na cidade de São Paulo.
Segundo projeções do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta de alimentos composta por 13 itens custará R$ 700 no primeiro ano de 2022 na capital paulista.
Pelo Twitter, Uallace Moreira, professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), afirmou que o valor reflete a queda no poder de compra do trabalhador assalariado.
"Sem o aumento real do salário mínimo, a quantidade de 1,73 cesta básica que o trabalhador pode comprar com o salário mínimo é menor que a média 2008 a 2020. Ou seja, o trabalhador come cada vez menos com o salário mínimo", tuitou o economista junto com gráfico do Dieese.
Para Moreira, há um projeto de "destruição do trabalhador".
"'Mais um ano em que o trabalhador não tem aumento real do salário mínimo'. O elevado desemprego e precarização do mercado de trabalho, tem como aliado a queda do salário mínimo real, gerando maior empobrecimento do trabalhador. É um projeto", escreveu.
Na maioria das 17 capitais pesquisadas, no entanto, o preço da cesta representa mais da metade do salário mínimo.
O preço mais baixo, de R$ 473,26 (46,5% do salário mínimo), foi encontrado em Aracaju. O mais alto, de R$ 710,53 (aproximadamente 70% do salário mínimo), foi registrado em Florianópolis. Os dados são referentes a novembro de 2021, com cálculo baseado no salário mínimo vigente no momento.
Para o Dieese, o valor do salário mínimo deveria estar em quase R$ 6 mil, considerando o nível de preços no país (também em relação a novembro de 2021). Isso é quase cinco vezes o valor estabelecido para o ano novo.