Estratégia de Jair Bolsonaro (Sem partido) para comprar parlamentares e evitar a abertura de um processo de impeachment, o chamado "orçamento secreto", que infla emendas a deputados e senadores alinhados ao Planalto, banca uma obra que favorece diretamente de Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional, um dos principais responsáveis pela destinação dos recursos.
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Reportagem de Felipe Frazão e Breno Pires, na edição desta segunda-feira (20) do jornal O Estado de S.Paulo, revela que o ministro direcionou R$ 1,4 milhão para obra de um mirante no município de Monte das Gameleiras, no agreste do Rio Grande do Norte, que fica vizinho à obra de um condomínio que ele está construindo.
A construção do mirante valoriza ainda mais o condomínio Clube do Vinho, que fica a cerca de 300 metros da obra, que está sendo construída em um terreno de seis hectares.
Marinho tem como sócio na obra seu assessor de confiança no ministério, Francisco Soares de Lima Júnior.
Por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), o Estadão confirmou que os recursos estão sendo liberados pelo ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, que faz parte da comitiva de Bolsonaro aos EUA para a assembleia-geral da ONU.
Em depoimento na Câmara, indagado por Rogério Correia (PT-MG), Marinho negou que tenha sido responsável pela solicitação de recursos para a obra.
“Não fui eu que solicitei, certo? Não fui eu que solicitei. Foi o deputado Beto Rosado (Progressistas-RN)”, disse o ministro, citando um deputado bolsonarista que propôs a emenda.
Os documentos obtidos pelo jornal, no entanto, comprovam que o pedido partiu do próprio ministro.
“Em um evento no dia 4 de dezembro de 2020, no Rio Grande do Norte, o deputado federal Beto Rosado perguntou ao ministro Rogério Marinho sobre a possibilidade de encaminhar pleito para a construção de um mirante na cidade por meio das ações orçamentárias do MDR”, destacou nota.
“Após análise pela Assessoria Especial de Relações Institucionais (AESPRI) do MDR, constatou-se que o empreendimento se enquadraria em ação orçamentária de competência do Ministério do Turismo, tendo então o pleito sido encaminhado para a pasta, como é feito rotineiramente.”