Flávio Bolsonaro diz que áudio de ex-assessora não é "compatível com democracias saudáveis"

Em nota, filho de Bolsonaro diz que gravação é "clandestina". Relator da CPI do Genocídio, Renan Calheiros quer convocar ex-cunhada do presidente. "Carlos Bolsonaro é peça fundamental no ministério paralelo e Flávio Bolsonaro um influente filtro de indicações"

Flávio Bolsonaro (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
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Em nota divulgada pelos advogados nesta segunda-feira (5), o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) afirma que os áudios da ex-assessora Andrea Siqueira Valle, confirmando que o ex-cunhado, Jair Bolsonaro (Sem partido), comandava o esquema de corrupção das "rachadinhas" no clã, "não é um expediente compatível com democracias saudáveis" e que, por isso, a defesa não comentaria a reportagem de Juliana dal Piva.

"Gravações clandestinas, feitas sem autorização da Justiça e nas quais é impossível identificar os interlocutores não é um expediente compatível com democracias saudáveis. A defesa, portanto, fica impedida de comentar o conteúdo desse suposto áudio apresentado pela reportagem", diz o texto.

Flávio ainda confirma que empregou a ex-cunhada do pai, mas garante que ela "cumpria sua jornada dentro das regras definidas pela assembleia" - leia a íntegra da nota ao final da reportagem.

CPI
Em resposta à Juliana Dal Piva, autora da reportagem, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que vai pedir a convocação de Andrea Siqueira na CPI do Genocídio.

"É fundamental a CPI convocar Andrea Valle, ex-cunhada de Bolsonaro. Ela pode explicar se houve espelhamento do esquema das rachadinhas no governo federal. Como se sabe Carlos Bolsonaro é peça fundamental no ministério paralelo e Flávio Bolsonaro um influente filtro de indicações", disse o relator da comissão.

Segundo ele, a oitiva seria para "para esclarecer fatos relacionados à presença dessas pessoas no governo". "Ela cita um coronel. São muitos os indícios e testemunhos da participação de militares em irregularidades com as vacinas Covaxin e Astrazeneca".

Leia a íntegra da nota:

“Nota Luciana Pires, Rodrigo Roca e Juliana Bierrenbach

Gravações clandestinas, feitas sem autorização da Justiça e nas quais é impossível identificar os interlocutores não é um expediente compatível com democracias saudáveis. A defesa, portanto, fica impedida de comentar o conteúdo desse suposto áudio apresentado pela reportagem.

Sobre Andrea Siqueira Valle, a defesa afirma que ela trabalhou na Alerj e cumpria sua jornada dentro das regras definidas pela assembleia. Flávio Bolsonaro, nas suas atividades parlamentares, não tinha como função fiscalizar e orientar a forma como a servidora usufruía do seu salário.

No tempo em que foi deputado estadual, nunca recebeu informação ou denúncia de que havia qualquer irregularidade no seu gabinete ou em relação ao pagamento dos colaboradores. Portanto, não passa de insinuação e fantasia a ideia de que o parlamentar participou de qualquer atividade irregular.

Esse é apenas mais um ingrediente na narrativa que tentam armar contra a família Bolsonaro. Flávio Bolsonaro confia na Justiça e tem a certeza de que a verdade prevalecerá.”