Ao menos cinco generais da reserva criticaram a participação do Ministro da Defesa, Walter Braga Netto, no ato convocado por ruralistas no último sábado (15) para "autorizar" Jair Bolsonaro a "tomar providências", pedindo o uso das Forças Armadas contra medidas de isolamento social decretadas por governadores e prefeitos.
"Claro que ministro é um cargo de natureza política, mas o ministério não pode ser politizado. E muito menos passar a ideia de politização dos seus componentes, as Forças Armadas, que são instituições de Estado e não de governo. Forças Armadas não são instrumentos de intimidação ou de pressão política. As Forças Armadas não são ferramentas a utilizar em disputas partidárias e em projetos de poder pessoal, de grupos e de partidos políticos", disse o general Carlos Alberto Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo de Bolsonaro, a Chico Alves, no portal Uol.
No ato, após circular entre os bolsonaristas, Braga Netto subiu ao palanque e fez um breve discurso dizendo que "o agro é a força desse país. As Forças Armadas estão para proteger os senhores".
"O ministro da Defesa não é comandante das Forças Armadas, mas Braga Netto, aparentemente, pensa que é. Bolsonaro é o comandante supremo, mas até ele tem limites e limitações de mando. Aquela simplificação de que 'um manda e o outro obedece' só serve para a relação entre o Pazuello e o Bolsonaro. Para as Forças o que vale é a legitimidade e a legalidade. Intervenção militar não é nem uma coisa nem outra", disse o general Paulo Chagas, que concorreu ao governo do Distrito Federal em 2018, ao jornalista, que diz ter ouvido outros três generais que têm posição semelhante.