Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura as ações e omissões do governo no combate à pandemia, nesta quarta-feira (12), o ex-secretário de Comunicação de Jair Bolsonaro, Fábio Wajngarten, confirmou que o presidente não esteve presente na reunião que teve com o CEO da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, em que foram oferecidas com prioridade ao Brasil doses do imunizante contra a Covid que, à época, estava sendo desenvolvido.
Essa reunião aconteceu em 17 de novembro de 2020, sendo que a primeira vez que a Pfizer procurou o governo brasileiro para tratar de aquisição de imunizantes, sem obter retorno, foi em março. Naquele dia, Bolsonaro, ao invés de participar do encontro para adquirir vacinas para o país, preferiu ir a um evento de comemoração pelo aniversário de 54 anos da Embratur, no Palácio do Planalto. A cerimônia contou com a presença de ministros e do cantor Amado Batista, conforme divulgado pelos canais oficiais do próprio governo.
A maioria dos participantes do evento não usava máscara de proteção. Confira.
Atraso
Após as sucessivas negativas de fechar contrato com a Pfizer, o governo brasileiro só se mexeu para garantir os primeiros lotes de doses do imunizante em abril deste ano.
O contrato atual com a farmacêutica prevê o fornecimento de 100 milhões de doses, sendo 18,5 milhões até junho.
O presidente Jair Bolsonaro se recusou a fechar acordo por 70 milhões de doses com a empresa em 2020. Foi contra a Pfizer que o mandatário deu a estapafúrdia declaração de que alguém poderia “virar um jacaré” com a medicação.
Em agosto de 2020, o laboratório fez três propostas ao governo brasileiro. Na primeira delas, o lote inicial seria entregue em dezembro de 2020, sendo 3 milhões até fevereiro. Com a resistência do governo, a Pfizer chegou a prometer entregar 1,5 milhões de unidades do imunizante em dezembro de 2020.
Mentiras na CPI
Confrontado pelos senadores da CPI do Genocídio, Wajngarten chegou a mentir, por exemplo, que não afirmou à revista Veja que houve incompetência do Ministério da Saúde na aquisição de vacinas contra a Covid e que estaria afastado da Secom quando foi lançada a campanha “O Brasil não pode parar”, o que não é verdade. O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), inclusive, sugeriu que o ex-ministro poderia ser preso por mentir ao colegiado.