O gesto que remete ao símbolo “WP”, em referência ao lema “white power” (“supremacia branca”) feito por Filipe Martins, assessor especial de Jair Bolsonaro no Itamaraty, no Senado nesta quarta-feira (24) é o mesmo que Brenton Tarrant mostrou ao chegar no tribunal onde foi julgado pelo assassinato de 51 pessoas em uma mesquita na Nova Zelândia em março de 2019.
No entanto, o gesto, usado para incitar grupos neonazistas - atitude chamada de “dog whistle” (“apito de cachorro”, em português) - não é o único que liga o assessor de Bolsonaro ao autor do massacre contra muçulmanos na mesquita de Al Noor e no Centro Islâmico Linwood, em Christchurch. Tarrant transmitiu a matança ao vivo nas redes sociais e foi condenado à prisão perpétua.
Antes de promover o massacre, Tarrant publicou nas redes o manifesto The Great Replacement (“a grande substituição”), em que se confessa fascista e contrário a imigrantes.
Na abertura do texto, o fascista cita um poema de autoria do poeta galês Dylan Thomas (1914-1953).
O mesmo poema foi publicado pelo assessor de Bolsonaro ao atualizar sua foto de perfil no Twitter em abril de 2019, um mês após o massacre.
Na ocasião, Martins publicou a imagem de um ataque de cavalaria. Acima dos cavaleiros, aparece a inscrição “Do not go gentle into that good night”.
No Brasil, o poema do autor galês, publicado pelo facista e pelo assessor de Bolsonaro, foi traduzido por Augusto de Campos como “Não vás tão docilmente nessa noite linda”.