Parece um vídeo repetido, mas a live foi feita na noite desta quinta-feira (30) e nela Jair Bolsonaro (PL) repete a mesma ladainha que propagou durante toda a pandemia para combater o coronavírus.
Mais uma vez sem embasamento científico algum, citando um estudo de "uma universidade que não me lembro o nome", Bolsonaro prega "o que você usa para malária" para combater a ômicron.
A "receita" do presidente é a mesma que repetiu para o coronavírus: cloroquina. Mesmo com estudos comprovando a ineficácia do medicamento, Bolsonaro insiste no uso da droga que consta no prontuário para tratamento da malária.
Na live, Bolsonaro falou ainda que "a ômicron é um vírus vacinal", sinalizando que a mutação do coronavírus traria a tão propalada imunidade de rebanho.
"Temos agora, uma universidade que fugiu o nome dela aqui, tá aí dizendo, fez um estudo dizendo, que o que você usa para a malária aqui no Brasil serve para ômicron. Já tem gente, estudo também, que fala que a ômicron é um vírus vacinal. Você tem que deixar ele à vontade porque vai servir para vacinar todo mundo", disse.
Ameaças aos servidores da Anvisa
Em entrevista nesta quinta-feira (30), o almirante Antonio Barra Torres, presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) condenou as declarações do presidente contra a vacinação em crianças e contra diretores e técnicos da agência.
“Não tenho dúvida que as duas falas [de Bolsonaro] contribuíram sobremaneira para o número aproximado de 170 ameaças [contra os técnicos da Anvisa]. Entendo que isso somou um novo problema gravíssimo, gravíssimo, à questão vacinal no país”, declarou Barra Torres.
Bolsonaro afirmou que não irá vacinar a filha Laura, de 11 anos, e chamou a vacina de “experimental”. Antes disso, o mandatário tentou pressionar a agência dizendo que queria os nomes dos diretores que aprovaram a imunização infantil.
“Até porque temos de considerar que em meio a uma série de pessoas que sabem que estão cometendo crime ao fazer a ameaça, existem outras pessoas que não têm o domínio completo de suas faculdades mentais. Que podem ser inimputáveis, à luz da lei, mesmo se cometerem atos violentos. Vamos lembrar o próprio atentado que o senhor presidente sofreu, salvo melhor juízo, praticado por alguém que acabou tendo diagnóstico de doença mental excludente ou atenuante de culpabilidade. Então o estímulo à violência, por menor que seja, é capaz de colocar em movimento forças incontroláveis, para as quais é muito difícil prevenir”, completou Barra Torres.
O almirante ainda confirmou que se afastou do presidente, quem nutria uma amizade. “Essa fala [ameaçando expor nomes de funcionários] trouxe dificuldade desnecessária, criou ambiente de insegurança, dificultou o trabalho de enfrentamento da pandemia de sobremaneira. Essa ação acaba por influenciar a relação pessoal”, declatou.