A TV Gênesis, emissora da igreja evangélica Sara Nossa Terra, é a campeã entre as TVs religiosas que receberam verba pública para a divulgação de publicidade do governo de Jair Bolsonaro (PL).
Segundo dados da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, levantados pela coluna Maquiavel, da Veja, em quase três anos foram R$ 3,7 milhões. O montante ultrapassa o que foi repassado a veículos grandes e conhecidos, como TV Cultura, TV Gazeta, ESPN, Discovery, Sony, Fox, e Disney.
Por terem mais audiência, Globo, SBT, Record, RedeTV! e Band lideram o ranking.
Apesar do negacionismo e da postura antivacina de Bolsonaro, a TV Gênesis recebeu, desde janeiro de 2019, quando ele assumiu a presidência, pagamentos milionários para divulgação de campanhas como as de conscientização e vacinação contra o coronavírus (R$ 846,6 mil), combate ao mosquito da dengue (R$ 740,8 mil) e vacinações contra o sarampo (R$ 300 mil) e a Influenza (R$ 168,9 mil reais).
A maior parte do valor recebido pela igreja foi paga nos dois primeiros anos (R$ 3,248 milhões em 2019 e 2020). Neste ano, o governo tem reduzido a verba para emissoras religiosas.
O que é a comunidade Sara Nossa Terra
A Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra é uma Igreja Evangélica neopentecostal, fundada em fevereiro de 1992, em Brasília pelo bispo Robson Rodovalho e pela bispa Maria Lúcia Rodovalho. Ex-deputado federal pelo DEM, Robson Rodovalho é considerado um dos principais aliados de Bolsonaro entre os evangélicos.
Em junho de 2021, após documentos enviados à CPI da Covid-19 terem revelado que o governo federal repassou R$ 527 mil para rádios e emissoras de TV da Fundação Sara Nossa Terra, Robson afirmou que o apoio ao presidente "não depende da publicação de anúncios".
“É importante destacar que o presidente da República nunca fez qualquer doação ou ofertas à igreja”, disse o bispo na época.
Em 2010, o bispo Rodovalho foi o protagonista de uma polêmica no âmbito da Justiça Eleitoral. Em agosto daquele ano, o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o seu mandato de deputado federal por infidelidade partidária. Ele havia sido eleito em 2006 pelo DEM, mas deixou a sigla no fim de 2009 para se filiar ao PP, pelo qual disputou sem sucesso a reeleição.