Guedes diz que dólar subiu por "política ou doença" e por isso lucrou R$ 14 mi com paraíso fiscal

Em audiência na Câmara dos Deputados para explicar sua participação em offshore, ministro da Economia tentou justificar a declaração de que, se fizesse muita besteira, dólar iria a R$ 5. Acompanhe ao vivo

O ministro Paulo Guedes. Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara.
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, negou, nesta terça-feira (23), que tenha atuado para elevar o dólar e, com isso, lucrado através da offshore que mantém nas Ilhas Virgens Britânicas.

Em audiência na Câmara dos Deputados para explicar sua participação em paraíso fiscal, ele culpou a pandemia da Covid-19 e as tensões políticas pela alta da moeda norte-americana e tentou justificar a declaração de que, se fizesse muita besteira, o dólar iria a R$ 5.

"Mandei ver o que aconteceu, nos últimos 3 anos, quando o dólar subiu mais do que 2%. Foi sempre política ou doença. Nada pela economia”, afirmou.

As denúncias contra Paulo Guedes apontam que ele pode ter lucrado R$ 14 milhões com a valorização do dólar, somente durante o seu mandato à frente da pasta.

Isso porque a offshore Dreadnought International, que ele mantém nas Ilhas Virgens Britânicas, tinha US$ 9,55 milhões em 24 de setembro de 2014, segundo revelado pela investigação Pandora Papers.

Esse valor correspondia a R$ 37 milhões quando Guedes foi nomeado ministro por Bolsonaro. A cotação, na época, era de R$ 3,85 para cada unidade da moeda estadunidense. Atualmente, a cotação é de R$ 5,37 por unidade do dólar. Dessa forma, o valor detido pela Dreagnought vale R$ 51,3 milhões.

Guedes nega "conflito de interesses"

Durante a audiência, Guedes também afirmou que a empresa instalada em paraíso fiscal é "absolutamente legal", negou que tenha entrado no governo por oportunismo e ainda disse que não há conflitos de interesse com a manutenção da conta no exterior.

Apesar de ter declarado que possuía a offshore à Comissão de Ética da Presidência quando assumiu o mandato, Guedes não teria detalhado os valores alocados na empresa. Além disso, ele escondeu a participação da filha Paula Drumond Guedes e da esposa Maria Cristina Bolivar Drumond Guedes.

O ministro alegou, no entanto, que os valores são declarados anualmente à Receita Federal, ao Banco Central e informou que, quando entrou no governo, remeteu as informações também ao Conselho de Ética da Presidência da República.

"Existe algum conflito de interesse? A resposta é não, mil vezes não", disse, sem dimensão da questão ética envolvendo o “negócio”, além do potencial político de confirmar mais uma vez aos eleitores, principalmente os de baixa renda, que a prática está longe do discurso moralista, anticorrupção, pregado por Bolsonaro.

Sobre a listagem dos familiares como diretores e acionistas da offshore, argumentou que se deu por questões sucessórias. Se a conta fosse em nome da pessoa física, o recurso iria para o governo, não para os familiares, afirmou.

"Offshore é um veículo de investimento absolutamente legal. É absolutamente legal. Por razões sucessórias, se você quiser investir em alguma coisa, por exemplo, nos Estados Unidos. Se tiver uma conta em nome da pessoa física, se você falecer, 46%, 47% é expropriado pelo governo americano. Tendo uma conta em pessoa física, todo seu trabalho de vida, ao invés de deixar para herdeiros, vira imposto sobre herança. Então o melhor é usar offshore. Se eu morrer, invés de metade ser apropriado pelo governo americano, vai para a sua sucessão. Isso é o que explica colocar um parente", disse.

Acompanhe ao vivo:

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