O filósofo e escritor João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, o Jango, não se surpreendeu com a atitude do atual presidente da República. Jair Bolsonaro vetou projeto de lei, que homenageava o ex-presidente, deposto pelo golpe militar de 1964.
Goulart acha que Bolsonaro vetar o nome do pai "é mais um ganho na biografia gigante do Jango. Dentro da nossa história brasileira, Jango foi um vulto enorme e está sendo a cada dia mais revisto, não só pela Academia, mas por muitos partidos que hoje estão colocando como prioridade para a nação o nacional-desenvolvimentismo, que, sem dúvida alguma, incorpora muitas reformas de base de Jango”, disse.
“Agora, se o Bolsonaro não compreende a história nacional, é um problema dele”, afirmou Goulart, em entrevista à Fórum.
Ele reiterou que a exclusão de Jango por Bolsonaro “não é demérito nenhum. Pelo contrário. Mostra que, após quase 60 anos do golpe de Estado, o gigantismo de Jango está cada vez mais impregnado. Eu quero saber do ‘gigantismo’ das milícias, como vai ficar; a história da saúde pública no Brasil; a história de armar o povo”, disse.
“Então, Bolsonaro, com essas atitudes, não me surpreende. Um cara que usa uma camiseta dizendo que direitos humanos são a bosta da história nacional, quer dizer, não me surpreende em absolutamente nada”, acrescentou Goulart.
O veto
Em despacho divulgado no Diário Oficial da União (DOU) nesta quinta-feira (14), Bolsonaro vetou projeto de lei que “denomina Rodovia Presidente João Goulart o trecho da rodovia BR-153 compreendido entre o Município de Cachoeira do Sul, no Estado do Rio Grande do Sul, e o Município de Marabá, no Estado do Pará”.
A lei foi proposta em 2012 pelo ex-senador Aloysio Nunes (PSDB). Em 2013, o relator na Câmara, o então deputado José Luiz Stédile – irmão de João Pedro Stédile – lembrou as propostas de Goulart, que levaram à derrubada de seu governo pelo golpe militar em 1964.