Em resposta a um apoiador amazonense no fim da tarde desta quarta-feira (28), Jair Bolsonaro (Sem Partido) mentiu sobre o alerta dado ao governo sobre a falta de oxigênio em Manaus e disse que o governo federal foi "além daquilo que somos obrigados a fazer".
O presidente afirmou que não foi oficiado por "ninguém do Estado" e que o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, foià capital amazonense dois dias após receber o alerta da empresa White Martins.
"A questão lá de saúde, nós demos dinheiro, recursos e meios. Não fomos oficiados por ninguém do Estado na questão do oxigênio. Foi naquela… uma sexta-feira, a White Martins [empresa que fornece o oxigênio médico para Manaus]. Na segunda-feira, tava lá o ministro", afirmou.
No entanto, um ofício enviado pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF) afirma que o governo Bolsonaro sabia do “iminente colapso do sistema de saúde” do Amazonas no dia 3 de janeiro, dez dias antes de faltar oxigênio nos hospitais e unidades de atendimento a pacientes de Covid-19, o que resultou em dezenas de mortos por asfixia.
O próprio Pazuello admitiu que sabia pelo menos seis dias antes que a situação do oxigênio em Manaus diante da pandemia era crítica e que a capital do Amazonas poderia sofrer desabastecimento.
“No dia 8 de janeiro, nós tivemos a compreensão, a partir de uma carta da White Martins, de que poderia haver falta de oxigênio se não houvesse ações para que a gente mitigasse este problema”, afirmou o ministro durante coletiva de imprensa no dia 18 de janeiro.
Equalizada
Ao apoiador amazonense, Bolsonaro afirmou ainda que a situação está "equalizada" e que foi feito mais do que é obrigado a fazer.
"Atualmente tá equalizada a questão do oxigênio lá. Agora lá no Estado tem que ter gente pra prever quando vai faltar uma coisa ou não pra tomar providência. Nós aqui fomos além daquilo que nós somos obrigados a fazer", disse.
Nesta segunda-feira (25), o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito contra o ministro
para apurar as responsabilidades e a suposta omissão do militar no colapso de saúde em Manaus (AM), que ficou sem oxigênio para atender seus pacientes internados com Covid-19.
Ao abrir o inquérito, Lewandowski atendeu a um pedido da procuradoria-geral da República (PGR) feito no último sábado (23). O órgão aponta que o ministério já sabia do possível falta de oxigênio desde o dia 8 de janeiro, seis dias antes do ocorrido. Isso foi exposto em comunicação da Advocacia-Geral da União (AGU) e pelo próprio ministro Pazuello, em coletiva de imprensa.