Autodeclarado ignorante em Economia durante as eleições de 2018 - o que o fez terceirizar o assunto ao "posto Ipiranga", Paulo Guedes -, Jair Bolsonaro deu mostras que não aprendeu muito sobre o assunto desde que assumiu a presidência da República, há quase dois anos.
Em vídeo publicado nesta terça-feira (29) em suas redes sociais, o presidente pediu "sugestões" sobre onde tirar recursos para pagamento do Renda Cidadã, projeto de auxílio aos trabalhadores afetados pela pandemia em 2021, fez ameaças e mandou alerta ao mercado, mesmo negando que seria um "recado".
Após cogitar a possibilidade de vender estatais para bancar o auxílio - dizendo que é "possível ser estudada" a privatização de bens públicos -, Bolsonaro afirmou que o "mercado" não vai ter renda "se o Brasil for mal".
"Para essa finalidade é possível, é possível [enfatizando], que seja estudado, antes que o mercado desabe novamente, né?", disse, antes de mandar o recado.
"Pessoal do mercado também - eu não estou dando recado para vocês - se o Brasil for mal, todo mundo vai mal. Aquele ditado, estamos no mesmo barco é o mais claro que existe no momento, o Brasil é um só. Se começar a dar problemas, todos sofrem. O pessoal do mercado não vai ter também renda, vocês vivem disso, de aplicação, né?", afirmou.
Bolsonaro, no entanto, ignora que a volatilidade gerada pelo próprio governo em razão da gestão da pandemia do coronavírus provocou a fuga recorde de R$ 88,9 bilhões até o dia 18 de setembro - o dobro da retirada de de R$ 44,5 bilhões em 2019 – que já foi considerado o maior volume anual de toda a série histórica, iniciada em 2004.